LEVANTE-SE IGREJA DE CRISTO!
Ser Igreja é
mais que ser apenas um nome no rol de membros, mais que simplesmente frequentar
um culto e dizer que é evangélico. Essa visão é medíocre e simplista, fruto de
um pragmatismo paralisante e inconsequente. Todo verdadeiro cristão anda
debaixo da orientação da Sagrada Escritura; e a Bíblia diz de forma clara e
contundente: “[...] e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as
portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mateus 16:18). Ou seja, a
Igreja não é simplesmente um prédio ou uma instituição, mas uma edificação
planejada, executada e de propriedade exclusiva de Jesus Cristo. Além disso,
essa Igreja de Cristo tem uma promessa: Ela
é vitoriosa sob o poder de seu Senhor. Que mensagem linda e fantástica!
Além disso, Jesus
Cristo é a Cabeça da Igreja (cf. Efésios 1:22; 4:15; 5:23; Colossenses 1:18;
2:19) e nós somos o Seu corpo (cf. Romanos 12:5; 1Coríntios 12:27; Efésios
1:23; 4:12; Colossenses 1:24; 2:9). Essa relação aponta para a submissão
inteira dos crentes com Seu Senhor e Mestre. Ser parte da Igreja é estar
debaixo da orientação e do comando de Jesus Cristo. Assim como os membros do
corpo respondem aos comandos cerebrais, assim os crentes não vivem mais para si
mesmos, mas para Aquele que comanda o todo.
Ora, apesar
das constantes e importantes declarações da Bíblia, infelizmente muitos crentes
a ignoram, achando que eles devem agir pelos seus conceitos e ideias. Esse
pensamento, além de não ser bíblico, é incoerente e passa a ideia errada de que
o cristão não tem a quem prestar contas. E nesses tempos líquidos, onde o ser
humano declara em alto e bom som toda a sua arrogância e rebeldia em nome de
uma autonomia, a Bíblia diz que já não somos de nós mesmos (cf. Romanos 14:7).
Dr. Martyn
Lloyd-Jones (1899-1981), ao tratar do Corpo de Cristo disse o seguinte: “A
maioria dos nossos problemas surge principalmente do fato de que
persistentemente começamos com nós mesmos; somos demasiadamente subjetivos.
Este é um dos maiores resultados do pecado. O pecado coloca o homem no centro.
Ele me faz achar que só eu sou importante, e que aquilo que eu acho e aquilo
que me acontece é o que realmente importa” (1994, p.42). E assim, quando
pensamos em igreja, relacionamos com o nosso pensamento, com as nossas convicções
e desejos. Esquecemos que a igreja não é nossa e o gosto pessoal pouco importa
nessa questão. Ou como vai afirmar Lloyd-Jones mais à frente: “A igreja
transcende os séculos. As habilidades naturais não desempenham nenhum papel
nesta questão. Não importa o que você seja, ignorante ou deficiente em suas
faculdades, grande ou pequeno, rico ou pobre. Todas estas coisas não passam de
insignificâncias; este corpo é um só” (1994, p.47).
Por isso, é
hora de todos nós, como membros do Corpo de Cristo, nos unirmos e fazermos a
vontade de Deus agora, em obediência a Jesus Cristo, a Cabeça da Igreja. Não é
hora de ficar olhando para os seres humanos ou para as preferências pessoais.
Como crentes precisamos aprender que as coisas da Igreja funcionam a partir das
perspectivas espirituais, através da Palavra de Deus, da oração e da ação do
Espírito Santo em nós. Por isso Paulo, ao escrever aos coríntios, podia dizer:
“Quem é Apolo? E quem é Paulo? São apenas servos por meio de quem crestes,
conforme o Senhor concedeu a cada um. Eu plantei; Apolo regou; mas foi Deus
quem deu o crescimento. De modo que, nem o que planta nem o que rega são alguma
coisa, mas sim Deus, que dá o crescimento” (1Coríntios 3:5-7). Enquanto
muitos ficam inquietos, olhando apenas para as coisas humanas, nós deveríamos
olhar para o Deus que levanta Seus servos para fazer a obra; deveríamos parar
de olhar para a capacidade humana e olhar para Aquele que dá o crescimento,
pois na verdade nem Apolo, nem Paulo, nem Pedro, nem Gilson, nem Hugo, nem Nelson
são alguma coisa, mas sim Deus.
Isso é ser
igreja! É viver debaixo da orientação de Cristo e junto com outros irmãos
obedecermos a vontade de Deus, brilhando nas trevas, salgando o mundo, sendo
instrumento de salvação, restauração e mostrando a beleza e a relevância do
Evangelho. Ser igreja é levar, viver e manifestar a mensagem da cruz de Cristo,
onde homens e mulheres, adolescentes e jovens vivem como crucificados para a
glória do Senhor ressurreto.
Por que falo
isso? Porque hoje vivemos uma tragédia, onde as pessoas trocam de igreja como
se troca uma camisa. As ações são baseadas em sentimentos e se coloca uma capa
de aparente espiritualidade, mas que na verdade esconde desejos e manifestações
carnais, onde o conforto e a novidade falam mais ao coração do que a convicção
e a fé. A. W. Tozer escreveu um artigo intitulado “Vitória mediante derrota”,
em que diz: “[...] se enxergo bem, a cruz do evangelismo popular não é a cruz
do Novo Testamento. É, ao contrário, um novo e brilhante ornamento do seio de um
cristianismo autoconfiante e carnal cujas mãos são, de fato, as mãos de Abel,
mas cuja voz é de Caim. A antiga cruz matava os homens; a nova os entretém. A
antiga cruz os condenava; a nova os diverte. A antiga cruz destruía a confiança
na carne; a nova a estimula. A antiga cruz produzia lágrimas e sangue; a nova
produz riso” (1987, p.39).
Portanto,
fujamos desse cristianismo de aparências e nos comprometamos com o Senhor
glorioso que morreu e ressuscitou para formar para Si mesmo um “[...] povo
de propriedade exclusiva de Deus, para que anuncieis as grandezas daquele que
vos chamou das trevas para sua maravilhosa luz” (1Pedro 2:9). O mundo está
diante de nós e temos uma única missão: Anunciar
as grandezas daquele que nos salvou! Sim, os campos estão brancos para a
ceifa e como cristãos, membros da Igreja de Cristo somos chamados a viver o
Evangelho na sua plenitude. Saiamos da mornidão, da vida cristã fraca e sem
substância; tão somente obedeçamos à voz do Senhor e ouçamos o clamor de
Gideão: “[...] Levantai-vos, porque o SENHOR entregou o acampamento dos
midianitas nas vossas mãos” (Juízes 7:15).