quinta-feira, 27 de agosto de 2015

UM DEUS TRAÍDO!

UM DEUS TRAÍDO!

Nessa semana um texto de Jeremias (5:1-9) chamou minha atenção, quando Deus diz ao profeta: “Andai pelas ruas de Jerusalém, vede agora, informai-vos e buscai pelas suas praças. Se puderdes encontrar um homem, um só homem que pratique a justiça e busque a verdade, eu perdoarei a cidade” (5:1). É interessante que há uma semelhança muito grande entre o que Deus pede ao profeta para buscar pela cidade de Jerusalém um homem justo e o que fez Diógenes de Sinope (Διογένης ὁ Σινωπεύς; 413-323 a.C.), fundador do Cinismo, quando andava em plena luz do dia com uma lanterna na mão nas ruas de Atenas procurando um homem honesto. Deus ordenou ao profeta que fizesse isso para mostrar o grau de pecaminosidade de Jerusalém.
A questão é que as pessoas em Jerusalém estavam vivendo uma vida profundamente incorreta. É muito interessante que Deus diz que busca alguém “[...] que pratique a justiça e busque a verdade [...]”. Praticar a justiça é agir corretamente com os outros; verdade aqui é ´émûnâ (hn"Wma/), e significa mais que simplesmente a verdade, pois em 5:3 ela é traduzida como “fidelidade” e como “fé” em Habacuque 2:4. Ou seja, os habitantes de Jerusalém viviam de uma forma que confrontava os princípios de Deus. Se o profeta achasse alguém Deus perdoaria a cidade. No entanto, Deus diz: “E ainda que digam: Vive o SENHOR, certamente juram com falsidade” (5:2). Ou seja, a postura deles não era apenas injusta e mentirosa; eles viviam em falsidade diante de Deus, uma vida religiosa apenas de aparências.
Por isso o profeta declara: “Ó SENHOR, por acaso não é a verdade que teus olhos procuram? Tu os feriste, mas não lhes doeu; tu os consumiste, mas se recusaram a receber a correção. Endureceram o rosto mais do que uma rocha e não quiseram se converter” (5:3). Os olhos de Deus procuravam uma postura digna e a visão aqui é de um olhar investigativo da parte do Senhor. Apesar disso o que Deus encontrou foi um povo insensível e duro, incapaz de aceitar a correção e de se converter.
O texto prossegue: “Então eu disse: De fato eles são pobres e insensatos, pois não conhecem o caminho do SENHOR, nem a justiça do seu Deus” (5:4). Para Jeremias os “pobres” são aqueles que não tinham oportunidade para estudar a lei; talvez a questão fosse apenas uma ignorância intelectual, mas essa não era a questão: “Irei aos líderes e falarei com eles, pois conhecem o caminho do SENHOR e a justiça do seu Deus. Mas também eles quebraram o jugo e romperam as cordas” (5:5). Tanto o povo como a liderança do país estava numa situação espiritual calamitosa, de total afastamento de Deus. Quebrar o jugo e romper as cordas expressa uma atitude de rebeldia em relação ao Senhor e mostra que todas as camadas da sociedade estavam corrompidas pelo pecado.
Diante desse quadro Deus determina: “Por isso um leão da floresta os matará, um lobo dos desertos os destruirá, um leopardo ficará à espreita contra suas cidades; todo aquele que delas sair será despedaçado. Porque as suas transgressões são muitas, e a sua rebeldia é grande” (5:6). Na Palestina esses animais selvagens existiam, mas certamente aqui é uma forma figurada para indicar a ação de nações inimigas no território judeu; Deus estava pronto para julgá-los por causa de suas transgressões e rebeldia.
O profeta então diz: “Como poderei perdoar-te? Pois teus filhos me abandonaram e juraram pelos que não são deuses. Depois de eu os haver sustentado, adulteraram e se ajuntaram em bandos nos prostíbulos. Como garanhões bem nutridos, cada um andava relinchando à mulher do seu próximo” (5:7,8). A questão é, de fato, muito séria, a ponto de Deus dizer: “Como poderei perdoar-te?”. O que eles tinham feito ao ponto de Deus fazer essa inquirição?
A questão principal era a infidelidade contra o SENHOR (Yahweh), manifestada numa adoração aos deuses cananeus, principalmente Baal. Deus declara algo bem elucidativo: “[...] Depois de eu os haver sustentado, adulteraram e se ajuntaram em bandos nos prostíbulos”. O Senhor havia sustentado os israelitas, ou literalmente “saciado, satisfeito com comida” ([;BiÛf.a;w"), mas agora eles atribuíam isso a Baal. Por quê? Porque Baal era o deus da guerra e da fertilidade e os judeus, ao invés de glorificarem a Deus pelas bênçãos recebidas, atribuíam isso ao deus cananeu. A adoração cananita estava envolvida por uma forte promiscuidade com seus prostitutos e prostitutas cultuais gerando uma degradação moral profunda. Além disso, a idolatria israelita era comparada ao adultério espiritual.
É profundamente significativo compreender aqui também que Deus se porta como um marido traído. Naquela época os maridos também eram chamados de “baal”, “senhor”. Por isso o profeta Oséias disse cento e vinte anos antes de Jeremias: “Naquele dia, diz o SENHOR, ela me chamará meu marido [yvi_yai; ´îšî]; e não me chamará mais meu Baal [yli([.B;; Ba`lî]. Pois tirarei da sua boca os nomes dos baalins, e ela não mencionará mais esses nomes” (Oséias 2:16,17). Deus não escondeu Sua santa ira por causa da traição de Israel e Judá, bem como a falta de gratidão de Seu povo.
Por isso o texto termina dizendo: “Por acaso não os castigarei por causa dessas coisas, diz o SENHOR, ou não me vingarei de uma nação como esta?” (5:9). Deus não deixaria impune o pecado de Seu povo pelos motivos expostos: Injustiça, falsidade, dureza espiritual, ignorância, rebeldia, ingratidão e adultério espiritual. A pergunta já pressupõe a resposta: “Sim! Deus irá punir o Seu povo, pois foi traído”.
O texto nos chama a uma profunda reflexão quanto nossas atitudes perante o Senhor. Os motivos que levaram Deus a punir Israel e Judá podem ser os mesmo hoje em nossa nação e na Igreja atual. Infelizmente vivemos num país em que a grande maioria professa um Deus que não conhece, não se submete e não O adora, inclusive os chamados “evangélicos”. Não tenho dúvidas que a crise seja um tempo de punição e julgamento sobre a nação, de modo que precisamos orar cada vez mais para que o Senhor cuide daqueles que são Seus em tempos tão difíceis. Uma coisa é certa: “Todavia, o firme fundamento de Deus permanece e tem este selo: O Senhor conhece os seus, e: Aparte-se da injustiça todo aquele que profere o nome do Senhor” (2Timóteo 2:19).

Uma boa semana! Fraternalmente em Cristo, Pr. Gilson Jr.

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

ENTRE A SOBERANIA DIVINA E A RESPONSABILIDADE CRISTÃ

ENTRE A SOBERANIA DIVINA E A RESPONSABILIDADE CRISTÃ

Desde o final de 2014 temos presenciado em nosso país uma tensão política, na qual muitos cristãos estão engajados. De fato, razões não faltam, principalmente porque nos últimos anos o país sofreu literalmente um assalto por meio de um partido e de um “projeto criminoso de poder engendrado, concebido e implementado a partir das mais altas instâncias governamentais” (11/10/2012), segundo o decano do Supremo Tribunal Federal, Ministro Celso de Mello. Isso não significa dizer que o partido da presidente da república começou essa ação agora; na verdade, antes disso já havia roubo, corrupção e outras ações perniciosas que sempre destruíram o Estado brasileiro. O problema é que agora a situação passou dos limites.
Diante desse quadro tenebroso temos muitos cristãos que se posicionam de maneiras diversas, às vezes acirrando os ânimos entre os irmãos principalmente se as linhas ideológicas e políticas são diferentes. Diante desses aspectos e da atual conjuntura de nossa nação, temos algumas questões: Como devemos nos portar diante de tudo isso? É lícito criticar o governo e se por contra ele? Até onde caminha a soberana vontade de Deus e a responsabilidade cristã?
O Dr. Wayne Grudem no seu livro “Política segundo a Bíblia” (2014) fala a respeito de cinco visões equivocadas a respeito de cristianismo e governo: 1) O governo deve impor a religião; 2) O governo deve excluir a religião; 3) Todos os governos são perversos e demoníacos; 4) A igreja deve se dedicar ao evangelismo, não à política; e 5) A igreja deve se dedicar à política, não ao evangelismo. Ele declara em seu livro: “[...] os cristãos devem procurar influenciar o governo civil conforme os padrões morais de Deus e conforme os propósitos de Deus para o governo revelados na Bíblia (e devidamente compreendidos)” (GRUDEM, 2014, p. 77).
Nessa questão não podemos impor, nem silenciar, nem se retirar do processo, muito menos pensar que um governo, ideologia ou partido pode salvar uma nação. Precisamos nos comportar como cidadãos do Reino que ainda vivem num sistema caído e que aguardamos com expectativa a chegada do Reino de Deus. Nesse aspecto, devemos sempre lutar contra todas as injustiças, sem perder de vista o controle soberano de Deus. Devemos ser os melhores cidadãos da terra, mas com um único objetivo: revelar a glória de Deus através de nossas ações: “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem vosso Pai, que está no céu” (Mateus 5:16).
Muitos irmãos, diante de passagens como Romanos 13:1-7 e 1Pedro 2:13,14, acham errado nos colocarmos contra algum governo. A falta de compreensão dessas passagens faz com que muitos se escondam de uma posição política ou de uma atitude para com algum governo. Se Deus inspirou os apóstolos a escreverem sobre esse assunto, certamente tem como objetivo formar nos cristãos cidadãos responsáveis, mas nunca cidadãos que se curvam a qualquer coisa que esse ou aquele governo faça.
Em Romanos 13:1-7 Paulo mostra claramente que as autoridades exercem poder governamental por ordem de Deus (13:1,2; cf. João 19:11). Os governantes civis “[...] não são motivo de temor para os que fazem o bem, mas sim para os que fazem o mal [...]” (13:3), o que mostra uma das funções do Estado, que é frear o mal com o uso do castigo (cf. Gênesis 9:5,6). Segundo Paulo, as autoridades dão seu “louvor” ou aprovação (Gr. e;painon; epainon) aqueles que fazem o bem (13:3), sendo “[...] serva de Deus para o teu bem” (13:4). Ou seja, o papel do governo e dos seus funcionários é promover o bem geral da sociedade, promovendo e recompensando a boa conduta. No entanto, isso não significa que devemos considerar bom tudo o que os governantes fazem. João Batista repreendeu Herodes pelas maldades que ele tinha praticado (cf. Lucas 3:19), assim como Daniel repreendeu Nabucodonosor, chamando-o ao arrependimento (cf. Daniel 4:27). A punição de que fala Paulo é para os malfeitores e não para quem pratica o que é correto.
O apóstolo Pedro considera o papel do governo de modo semelhante: “Sujeitai-vos a toda autoridade humana por causa do Senhor, seja ao rei, como soberano, seja aos governadores, como por ele enviados para punir os praticantes do mal e honrar os que fazem o bem” (1Pedro 2:13,14). Aqui é muito interessante notar que Pedro fala da sujeição às autoridades humanas, mas não necessariamente ele diz que ela foi instituída por Deus. O papel do cristão é sujeitar-se “por causa do Senhor”. Como cristãos devemos ser os melhores cidadãos de qualquer país, sem no entanto perder o senso crítico do que ocorre, lutando sempre pelo bem e por tudo aquilo que há de melhor no Evangelho.
Embora a Bíblia nos diga que devemos ser sujeitos às autoridades, isso não implica uma obediência cega e inconsequente, principalmente quando essa obediência implique em desobedecer à ordem do próprio Deus. Por exemplo, após a ressurreição, Jesus ordenou aos discípulos que fossem pelo mundo pregando o Evangelho (cf. Mateus 28:19,20). O Sinédrio, que era a autoridade governamental da Judeia prendeu alguns discípulos, ordenando que eles não pregassem o Evangelho (cf. Atos 4:18). No entanto, Pedro e João foram explícitos em sua desobediência civil: “pois não podemos deixar de falar das coisas que vimos e ouvimos” (Atos 4:20). Noutra ocasião Pedro afirmou: “[...] É mais importante obedecer a Deus que aos homens” (Atos 5:29). Os amigos de Daniel se recusaram adorar a imagem de Nabucodonosor (cf. Daniel 3:13-27), assim como as parteiras hebreias desobedeceram as ordens de faraó para matar os meninos que nascessem (cf. Êxodo 1:17,21). Portanto, a desobediência é sim possível, principalmente quando as ordens governamentais atingem frontalmente uma ordem de Deus.
Quero concluir que para os servos de Deus a vontade soberana de Deus é incontestável. Deus não está escrevendo a história, mas ela está caminhando segundo aquilo que Ele mesmo já determinou: “Sou eu que anuncio o fim desde o princípio, e desde a antiguidade, as coisas que ainda não sucederam; sou eu que digo: O meu conselho subsistirá, e realizarei toda a minha vontade” (Isaías 46:10; cf. Isaías 13-23; Jeremias 46-51; Ezequiel 25-32; Amós 1 e 2; Obadias). Deus é soberano no sentido de que Ele planejou, guia e sustenta a história das nações segundo o Seu querer e propósito visando Sua própria glória.
Ou seja, o cristão deve ser um cidadão responsável, mas não deve perder de vista a ação de Deus. Ele pode protestar e lutar por um país melhor “por causa do Senhor” e não por causa de uma ideologia humana, lutar a partir de princípios elevados escritos nas Sagradas Escrituras e não por uma filosofia ou um partido político. Aguardamos a chegada do Rei, mas isso não implica em imobilismo político e isolamento de pensamento. Todas as vezes que os cristãos se levantaram da maneira correta, essa ação trouxe melhoria às pessoas e a glória de Deus. Grandes mudanças começam com pequenas atitudes; testemunhar de Cristo não implica apenas falar do que Ele fez por nós para a eternidade, mas o que Ele já muda agora. Para o cristão a vida eterna se iniciou no dia de sua conversão e a partir dali seu exemplo tem que brilhar como luz nas trevas.

Uma boa semana! Fraternalmente em Cristo, Pr. Gilson Jr.

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

CRISTÃO, SIM... GOSPEL? JAMAIS!

CRISTÃO, SIM... GOSPEL? JAMAIS!

Cada dia mais estou convencido de que o chamado “avanço evangélico” no Brasil é um desastre religioso de proporções épicas e ainda inimagináveis. O que hoje é chamado de “evangélico” não significa de fato o que diz o vocábulo, pois o significado seria “aquilo que pertence ao Evangelho”. No entanto, “evangélico” virou sinônimo de “gospel”, de uma corrente religiosa, que se apropriou de partes desconexas da Bíblia, que tirou Jesus Cristo do centro da pregação e colocou o ser humano, enfatizando muito mais as “vantagens” que “Deus pode dar” aqueles que vão à igreja e “compram” favores desse deus estranho que mais parece um mordomo celestial.
Renego veementemente esse evangelicalismo distorcido, idólatra e herético. É distorcido por tratar a Bíblia e seus ensinos à luz das ciências humanas (psicologia, sociologia, filosofia), tomando o bem-estar do ser humano como foco da ação de Deus. Deus não está comprometido com o ser humano, mas com a Sua própria glória em primeiro lugar! Deus não é mordomo de ninguém e tudo que faz visa Sua imensa glória e louvor, inclusive o ser humano. Essa inversão perniciosa, que coloca o ser humano como um alvo último de Deus é a falta de uma exegese e hermenêuticas sérias e comprometidas em ler a Escritura com a visão correta. Infelizmente a maioria dos pastores e “superapóstolos” pregam uma “psicologia de botequim”, uma autoajuda destrutiva e perniciosa.
Esse evangelicalismo tupiniquim é idólatra, pois venera seus “ungidos” e “superapóstolos”, assim como os cantores que entoam apenas para a glória deles mesmos. Essa idolatria é financiada pelos próprios adeptos dessas igrejas, que lotam seus “shows” em nome de uma adoração às avessas. Os aplausos não visam à glória de Deus, mesmo que digam o contrário. São letras e músicas humanistas, pregações e ensinos motivados por dinheiro e ganância.
Sim, o evangelicalismo verde-amarelo é torpe e herético, beirando o mau cheiro do inferno que engana os incautos com suas “doutrinas” esquisitas e manipuladoras. Chega a ser incrível que as pessoas ainda acreditem em “dentes de ouro”, “unções dos quatro seres”, “maldição hereditária”, “unção de Manassés” e tantos outros absurdos pregados nos milhares de púlpitos em nosso país. As igrejas deixaram de ser lugares de devoção, piedade, ensino e congraçamento da fé para serem casas de espetáculo de um show barato, de animadores de palco que massageiam os egos inflados de pecadores que caminham para o inferno pensando que vão para o céu.
Sim, renuncio essa falsa manifestação de fé, pois não existe fé verdadeira nisso. Paulo já enfrentava pessoas assim no primeiro século e não teve dúvidas em advertir: “Tomai cuidado com esses cães; cuidado com os maus obreiros; cuidado com a falsa circuncisão!” (Filipenses 3:2). Para os judeus, os cães eram os mais miseráveis e desprezíveis de todas as criaturas, usando por vezes esse termo aos gentios. Por que eles pensavam assim? Provavelmente porque esses animais perambulavam em matilhas nas cidades, sem lar e sem dono, alimentando-se do lixo das ruas, lutando entre si e atacando outras pessoas. Certamente Paulo não está tecendo nenhum elogio aos falsos obreiros e pregadores, mas adverte a igreja a não seguir pessoas assim. Por isso ele mesmo vai afirmar no final desse capítulo: “porque há muitos, sobre os quais vos falei diversas vezes, e agora vos digo até chorando, que são inimigos da cruz de Cristo. O fim deles é a perdição; o deus deles é o estômago; e a glória que eles têm baseia-se no que é vergonhoso; eles se preocupam só com as coisas terrenas” (Filipenses 3:18,19).
Sou cristão e para mim isso já basta. Não quero nada com esses inimigos da cruz que andam no meio do rebanho de Cristo, que se parecem como servos da justiça, mas na verdade servem a si mesmo, tendo como deus o próprio estômago, ou seja, se preocupam apenas com a vida material e corporal. Esses buscam apenas sua glória e os aplausos dos seguidores medíocres que nada conhecem da Palavra de Deus, pois se conhecessem rejeitariam suas heresias.
Cristão sim, gospel jamais! Cristão sim, Universal, Internacional da Graça, Mundial, Renascer ou qualquer outra nomenclatura desse cristianismo pós-moderno e neopentecostal, nunca! Cristão sim, que compartilha do Evangelho do Senhor Jesus e procura viver segundo Seus princípios, pregando unicamente a cruz de Cristo e clamando aos servos de Deus que não deixem de olhar para Aquele que morreu e ressuscitou por nós.
Pedro, inspirado pelo Espírito Santo, falou sem meias palavras: “Mas esses homens que, à semelhança de animais irracionais, vivem por instinto natural para serem presos e destruídos, difamando o que não entendem, perecerão na sua corrupção, recebendo a justa retribuição de sua injustiça. Tais homens têm prazer na luxúria à luz do dia. Eles são manchas e máculas, tendo prazer em suas dissimulações, quando se banqueteiam convosco. Têm os olhos cheios de adultério e são insaciáveis no pecar; enganam os inconstantes e têm o coração exercitado na ganância. São malditos” (2Pedro 2:12-14). Ou seja, esses homens são pessoas que buscam seus próprios interesses mundanos, corruptos, injustos, luxuriosos, dissimulados, adúlteros, pecadores contumazes, enganadores e gananciosos. Não é a toa que são chamados por Pedro de “malditos”, pois são filhos de Balaão.
Portanto, convido você a seguir a Jesus Cristo e ser Seu discípulo. Convido você a buscá-lO através das Escrituras, da oração, da vida em comunhão com os irmãos, com o compromisso com a Igreja do Senhor, a buscá-lO com amor e desejo de servi-lO e não de ser servido. Ser cristão é andar nos mesmos passos de Jesus a cada dia. Assim como Paulo, não cheguei à perfeição, mas caminho todos os dias olhando para o alvo, que é Cristo. Todos os dias meu coração tem mais fome de Jesus e por isso, faço o mesmo apelo de Paulo: “Irmãos, sede meus imitadores e prestai atenção nos que andam conforme o exemplo que tendes em nós” (Filipenses 3:17). Cristão sim... Gospel? Jamais!

Uma boa semana! Fraternalmente em Cristo, Pr. Gilson Jr.

domingo, 2 de agosto de 2015

JOVENS FORTES!

JOVENS FORTES!

O apóstolo João já era idoso quando escreveu: “[...] Jovens, eu vos escrevo porque vencestes o Maligno [...] Jovens, eu vos escrevi porque sois fortes, e a palavra de Deus permanece em vós, e já vencestes o Maligno” (1João 2:13b,14c). Ao ler o texto podemos perceber que a referência aos jovens parece ser intencional, pois ele fala aos pais e às crianças apenas uma vez. Entre esses dois grupos (filhinhos e pais) estão os jovens. Qual o objetivo do apóstolo em dar essa ênfase?
A juventude é um dos momentos mais importantes da existência humana, embora seu conceito seja algo ainda sem uma definição completa. Pierre Bourdieu (1930-2002) fala que o conceito de juventude é algo manipulada e manipulável (PAIS, 1990, p. 140), algo arbitrário e que tende a impor limites e impor limites e produzir uma ordem. Como ele mesmo diz: “Somos sempre o jovem ou o velho de alguém. É por isto que os cortes, seja em classes de idade ou em gerações, variam inteiramente e são objeto de manipulações [...] O que quero lembrar é simplesmente que a juventude e a velhice não são dados, mas construídos socialmente na luta entre os jovens e os velhos. As relações entre a idade social e a idade biológica são muito complexas” (BOURDIEU, 1983, p. 113).
Se em nosso tempo ser jovem parece ser algo sem muita certeza, nos tempos de João e na sociedade judaica em especial, era algo muito claro e funcional. Aos treze anos o homem (e doze para as mulheres) entrava na vida adulta por meio do Bar Mitsvah (Filho do mandamento), quando ele atinge a idade para se comprometer com a Lei de Deus e com Sua aliança. O jovem era alguém que estava entre os 20 e 50 anos, o que representa alguém no auge de sua força física e mental, tendo oportunidades para aprender e desenvolver o aprendizado.
A vida cristã não consiste em viver grato pela salvação apenas, mas também de lutar pelo Evangelho de Cristo e combater o inimigo. O perdão dos pecados deve ser acompanhado por um desejo intenso de rejeitar o sistema do mundo e buscar a santificação. Assim, João escreve aos jovens da igreja e coloca-os como vencedores e isso aponta para a força da igreja.
Jovens, vocês foram chamados a se envolverem com a causa de Cristo. Não há espaço para ficar de braços cruzados, esperando que algo aconteça do céu ou que um anjo os guie. No jovem há força, ideias, flexibilidade e tantos outros atributos importantes quando falamos de ministério no Corpo de Cristo. Quando os jovens param a igreja sofre muito, pois a força física e criativa da igreja fica inativa.
Infelizmente Satanás tem atacado os jovens e adolescentes de nosso tempo, seja com as distrações desse tempo, tais como as redes sociais, no mundo com lugares cheios de outros jovens, com bebidas, sexo e tantas outras armadilhas, seja com críticas ao Evangelho e à Igreja. Para muitos a igreja não é o lugar do jovem; no entanto, não há engano mais do que esse.
Quando olhamos as Escrituras vemos que Deus usou jovens com grande poder: José, Samuel, Davi, Isaías, Jeremias, Daniel e seus amigos e tantos outros. O Senhor Jesus desde cedo tinha plena consciência do Seu chamado já aos doze anos de idade (cf. Lucas 2:42-52). O próprio João era o mais novo dos discípulos de Jesus e participou ativamente da obra missionária desde o início ao lado de Pedro. O jovem Timóteo foi discípulo de Paulo e muito importante na obra missionária do apóstolo.
Deus ama usar os jovens e o que eles precisam é seguir a orientação que João deixou: “[...] e a palavra de Deus permanece em vós, e já vencestes o Maligno”. Por que são fortes? Porque a Palavra de Deus permanece neles, porque captaram a revelação cristã e procuram amoldar suas vidas às exigências éticas que Deus determina. Não é assim que diz o salmista? “Como o jovem guardará puro o seu caminho? Vivendo de acordo com a tua palavra [...] Guardei a tua palavra no meu coração para não pecar contra ti” (Salmo 119:9).
Vencer o maligno é a consequência de permanecer na Palavra. E você, querido adolescente e jovem, também poderá vencer o maligno e glorificar a Deus quando permanecer na Palavra. E o que significa permanecer na Palavra? Significa mais do que decorar versículos, mais que frequentar a Igreja. Permanecer na Palavra significa permanecer em Jesus: “Permanecei em mim, e eu permanecerei em vós. O ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira; assim também vós, se não permanecerdes em mim. Eu sou a videira; vós sois os ramos. Quem permanece em mim e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer” (João 15:4,5). Permanecer em Cristo significa viver debaixo de Seu senhorio, alinhado com Sua vontade expressa nas Escrituras, crendo que é melhor ser fiel a Cristo do que ao mundo. Permanecer em Cristo significa dizer “sim” à vontade de Deus e “não” ao pecado; significa amar a Deus de todo o coração e resistir ao diabo.
Portanto, acorde jovem! Saia do sistema do mundo que diz que você tem que viver a vida e morra para si mesmo. Saia do sistema que diz que você deve encontrar satisfação em si mesmo e busque a satisfação unicamente em Cristo. Saia do casulo pós-moderno e embarque na maior aventura de sua vida, seguir a Cristo até o fim!

Uma boa semana! Fraternalmente em Cristo, Pr. Gilson Jr.