segunda-feira, 30 de novembro de 2015

ENTRE A MÃO PESADA DE DEUS E A ESPERANÇA

ENTRE A MÃO PESADA DE DEUS E A ESPERANÇA

O ano de 2015 começou com todas as dúvidas e incertezas que já eram previstas no final do ano passado, principalmente depois das eleições mais polarizadas que tivemos em nosso país. E assim, durante todo o ano vimos à degradação moral, ética, política, econômica e social em nosso querido Brasil; todos foram afetados, direta ou indiretamente pela crise criada nos anos anteriores e chegamos ao fim do ano sem muitas expectativas positivas para os anos que virão. O que fazer quando as notícias não são boas e temos diante de nós expectativas obscuras?
Olhando as Escrituras vejo em nosso país a mão pesada de Deus contra a nação e contra Seu povo também. O pecado da nação não está apenas na corrupção em Brasília, nos “petrolões” que nos assustam e nos indignam todos os dias na operação Lava-jato. O pecado da nação também pode ser visto nos templos e no meio daqueles que se proclamam evangélicos, mas não vivem segundo o Evangelho de Jesus Cristo. O pecado da nação não está apenas na estrutura viciada dos partidos políticos e do sistema corrompido que envolve o poder; o pecado da nação está na falta de coerência daqueles que se chamam “cristãos” e vivem como ateus práticos durante a semana. Sim, o pecado da nação começa entre aqueles que, ao invés de cuidarem do rebanho de Deus e pregar com verdade a Palavra bendita, arrogam para si títulos e dominam seus “impérios”, criando “ministérios” que na verdade apenas proclamam seus nomes e não o Nome bendito de Cristo. O pecado da nação está entre os falsos-apóstolos, entre os bispos e pastores que pregam o consumismo e geram crentes medíocres, shows ao invés de culto, tietes ao invés de adoradores, orgulhosos ao invés de servos.
Sim, a mão de Deus pesa sobre a nação e sobre a igreja também! Olhando o livro de Oséias tive a sensação de que passamos exatamente algo semelhante. Deus fala: “Israelitas, ouvi a palavra do SENHOR; pois o SENHOR tem uma acusação contra os habitantes da terra; porque não há verdade, nem bondade, nem conhecimento de Deus na terra. Só prevalecem maldição, mentira, assassinato, furto e adultério; há violências e homicídios sobre homicídios. Por isso a terra se lamenta, e todos os seus habitantes desfalecem, juntamente com os animais do campo e com as aves do céu, e até os peixes do mar morrem” (Oséias 4:1-3). Essa é uma visão geral do problema da nação e a descrição cabe bem à nossa situação. No entanto, o problema maior da nação de Israel não era a corrupção generalizada, a falta de conhecimento de Deus, a violência, os problemas ecológicos derivados da seca e de desastres. Tudo isso era consequência de algo mais profundo.
Deus diz: “Entretanto, que ninguém venha a contender e que ninguém repreenda; pois a minha contenda é contigo, ó sacerdote. Por isso tropeçarás de dia, e o profeta tropeçará contigo de noite; e eu destruirei a tua mãe. O meu povo está sendo destruído porque lhe falta conhecimento. Porque rejeitaste o conhecimento, eu te rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de mim; visto que te esqueceste da lei do teu Deus, eu me esquecerei de teus filhos” (4:4-6). O povo era culpado de seus erros e pecados, mas tudo que acontecia na época do profeta era consequência de uma liderança espiritual desleixada e preocupada consigo mesma. Deus acusa o sacerdote e o profeta pela falta de conhecimento de Deus entre o povo. Se lermos o restante do capítulo vamos ver Deus os acusando de se alimentarem dos pecados do povo (4:7,8), de observarem a prostituição e a idolatria da nação e cooperarem para a degeneração (4:9-19). O fato de os evangélicos representarem 25% da população não significa nada, pois os mesmos pecados que acusamos são frequentes na “cultura gospel e evangélica” de nosso país. O evangelicalismo brasileiro é sincrético, místico, capitalista e medíocre, baseado no que há de pior da religião, nutrindo uma cultura de ignorância e distanciamento bíblico.
Há esperança? Sim, há esperança. O mesmo Oséias que prega de forma vívida por meio de um relacionamento estremecido por causa de um adultério, numa clara alusão do adultério espiritual de Israel em relação a Deus, nos traz esperança. Em todo o livro, ao mesmo tempo em que o profeta clama contra os pecados da nação, seus olhos estão na redenção futura: “Depois os israelitas voltarão e buscarão o SENHOR, seu Deus, e Davi, seu rei; e, nos últimos dias, tremendo, eles se aproximarão do SENHOR e da sua bondade” (3:5); “Vinde e voltemos para o SENHOR, porque ele nos despedaçou, mas haverá de nos curar; ele nos feriu, mas cuidará das feridas. Depois de dois dias, ele nos revivificará; no terceiro dia nos levantará, e viveremos diante dele. Conheçamos e prossigamos em conhecer o SENHOR; como o sol nascente, a sua vinda é certa; ele virá a nós como a chuva, como a primeira chuva que rega a terra” (6:1-3).
Chegamos ao fim de ano e certamente não foi um ano fácil. Escândalos, pecados, problemas e situações que podem muitas vezes tirar a nossa esperança. No entanto, se somos de fato o povo de Deus devemos olhar além de nós mesmos e ver o que Ele deseja com tudo isso. Somos chamados a viver segundo a Palavra de Deus, chamados a viver segundo Seus princípios no meio de um mundo corrompido e em trevas. Isso não significa uma vida fácil nem tranquila, mas temos a esperança que não pode ser destruída por nenhum tipo de crise ou circunstância adversa. Como nos diz o profeta no final de seu livro: “Quem é sábio para entender essas coisas? E prudente, para compreendê-las? Pois os caminhos do SENHOR são retos e os justos andarão por eles; mas os transgressores neles cairão” (14:9). Quem é sábio e prudente? Aquele que teme ao Senhor, que faz Dele sua força e segurança. E apesar de todas as adversidades, os santos do Senhor caminham seguros, pois os caminhos de Deus são retos. Portanto, vivamos a cada dia mais dependendo do Senhor, refletindo Sua glória e o Evangelho gracioso, pois mesmo que a situação piore e a mão de Deus continue pesando no ano que entra, Ele mesmo cuidará dos Seus.

Fraternalmente em Cristo, Pr. Gilson Jr.

A FÉ NÃO É BURRA!

A FÉ NÃO É BURRA!

Cada dia que se passa vemos que a igreja brasileira está mais doente, principalmente com a parafernália criada para atrair pessoas em nome de Cristo. A verdade é que a grande maioria das igrejas evangélicas está mais preocupada em criar meios e formas para “crescer a qualquer custo”, buscando táticas empresariais, métodos humanos e visando muitas vezes o lucro e a sustentação de uma hierarquia eclesiástica. Por exemplo, a Igreja Universal (IURD) que se autodenomina uma igreja evangélica, está promovendo a oração pelos mortos, uma doutrina católica, totalmente equivocada e sem base escriturística. Há grupos que falam de “ativação da unção do Espírito Santo”, como se o Espírito fosse um chip de celular. Haja paciência!
O apóstolo Paulo, esse sim inspirado pelo Espírito Santo, disse: “Mas rejeita as fábulas profanas e insensatas. Exercita-te na piedade” (1Timóteo 4:7). Depois ele adverte ao jovem Timóteo: “Porque chegará o tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, desejando muito ouvir coisas agradáveis, ajuntarão para si mestres segundo seus próprios desejos; e não só desviarão os ouvidos da verdade, mas se voltarão para as fábulas” (2Timóteo 4:3,4). Ao pastor Tito o apóstolo disse: “[...] Portanto, repreende-os severamente, para que tenham uma fé sadia, não dando ouvidos a fábulas judaicas, nem a mandamentos de homens que se desviam da verdade” (Tito 1:13,14). E o apóstolo Pedro coloca de forma clara a quem devemos seguir: “Porque não seguimos fábulas engenhosas quando vos fizemos conhecer o poder e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, pois fomos testemunhas oculares da sua majestade” (2Pedro 1:16).
Ou seja, a Bíblia coloca de forma clara que a fé verdadeira não é burra, nem tola, mas é fruto de um relacionamento verdadeiro com Cristo e fundamentado na Escritura Sagrada. O problema é que a maioria daqueles que se dizem cristãos hoje em dia querem uma religião pirotécnica, com sinais e prodígios, com símbolos e mandingas para favorecer uma ideia totalmente mística. John Stott (1921-2011) disse certa vez: “É surpreendente o número de pessoas que supõe que a fé e a razão são incompatíveis. Mas estas jamais foram postas em oposição uma à outra nas Escrituras. Fé e visão são contrastadas (2Co 5.7), mas não fé e razão. Pois fé, de acordo com as Escrituras, não é nem credulidade, nem superstição, nem ‘uma crença ilógica na ocorrência do improvável’, mas uma confiança calma e refletida em Deus que, conforme se sabe, é confiável” (STOTT, 1992, p. 116).
E aqui temos o calcanhar de Aquiles dos evangélicos brasileiros. Fé tornou-se sinônimo de superstição, algo fantasioso, que precisa ser sentido e definido pelo poder dos “superapóstolos”, dos “ungidos de plantão”. Infelizmente a fé evangélica tupiniquim tornou-se a verborragia religiosa com ares de um espiritualismo doentio, que leva milhares de pessoas a buscarem nas “campanhas” e nos “votos” as respostas de seus anseios pessoais. A fé evangélica atual é permeada por interesses econômicos, onde somente uma “casta superior”, de forma quase gnóstica, se relaciona com um deus manipulável. A verdade é que isso não é Evangelho de Jesus Cristo.
Precisamos compreender que a essência do Evangelho. Paulo vai afirmar: “Examinai a vós mesmos, para ver se estais na fé. Provai a vós mesmos. Ou não reconheceis que Jesus Cristo está em vós? A não ser que já estejais reprovados” (2Coríntios 13:5). Por que Paulo solicita um exame cuidadoso dos crentes de Corinto? Porque alguns não estavam em Cristo, apesar de estarem na igreja. O verdadeiro Evangelho glorifica a Jesus Cristo e exalta Seu senhorio e soberania. Como bem disse John MacArthur: “Os cristãos contemporâneos têm sido condicionados a crer que, por terem repetido uma oração, assinado um cartão de decisão, ido à frente, falado em línguas, sido arrebatados em espírito, tido algum tipo de experiência, estão salvos e jamais deveriam questionar a sua salvação” (2008, p. 27).
Sim queridos, a fé não é burra, inconstante e nem fantasiosa. Ela não é motivada pelo marketing de cantores e pregadores, muito menos direcionado por visões ou manifestações aparentemente espirituais. A fé é fruto de um relacionamento pessoa com Jesus Cristo, que nasce da total submissão ao senhorio de Cristo e vive com uma única preocupação: a glória de Deus. A fé é bíblica, fundamentada nas Escrituras e desenvolvida na doutrina; a fé é sóbria, justa e piedosa (1Timóteo 4:5; Tito 2:12,13), que não se preocupa com os ideais de “sucesso humano”, mas com a fidelidade a Deus.
Portanto, meus amados irmãos, fujamos da falsidade, da “fé manipulável”, da “fé gospel”, da “fé comercial” e burra, que leva milhares para longe de Deus. Voltemos nossos olhos à cruz de Cristo, à Sua pessoa bendita, à Palavra de Deus e ao firme fundamento da doutrina cristã.

Abraços fraternos, Pr. Gilson Jr.

MACARTHUR, John. O evangelho segundo Jesus. São José dos Campos: Editora Fiel, 2008.
_____. Com vergonha do evangelho – Quando a igreja se torna como o mundo. São José dos Campos: Editora Fiel, 2010.
STOTT, John. The contemporany chrstian. Leicester and Downers Grove, 1992.