ENTRE A MÃO PESADA DE DEUS E A ESPERANÇA
O ano de 2015
começou com todas as dúvidas e incertezas que já eram previstas no final do ano
passado, principalmente depois das eleições mais polarizadas que tivemos em
nosso país. E assim, durante todo o ano vimos à degradação moral, ética,
política, econômica e social em nosso querido Brasil; todos foram afetados,
direta ou indiretamente pela crise criada nos anos anteriores e chegamos ao fim
do ano sem muitas expectativas positivas para os anos que virão. O que fazer
quando as notícias não são boas e temos diante de nós expectativas obscuras?
Olhando as
Escrituras vejo em nosso país a mão pesada de Deus contra a nação e contra Seu
povo também. O pecado da nação não está apenas na corrupção em Brasília, nos
“petrolões” que nos assustam e nos indignam todos os dias na operação
Lava-jato. O pecado da nação também pode ser visto nos templos e no meio
daqueles que se proclamam evangélicos, mas não vivem segundo o Evangelho de
Jesus Cristo. O pecado da nação não está apenas na estrutura viciada dos
partidos políticos e do sistema corrompido que envolve o poder; o pecado da
nação está na falta de coerência daqueles que se chamam “cristãos” e vivem como
ateus práticos durante a semana. Sim, o pecado da nação começa entre aqueles
que, ao invés de cuidarem do rebanho de Deus e pregar com verdade a Palavra
bendita, arrogam para si títulos e dominam seus “impérios”, criando
“ministérios” que na verdade apenas proclamam seus nomes e não o Nome bendito
de Cristo. O pecado da nação está entre os falsos-apóstolos, entre os bispos e
pastores que pregam o consumismo e geram crentes medíocres, shows ao invés de culto, tietes ao invés
de adoradores, orgulhosos ao invés de servos.
Sim, a mão de
Deus pesa sobre a nação e sobre a igreja também! Olhando o livro de Oséias tive
a sensação de que passamos exatamente algo semelhante. Deus fala: “Israelitas, ouvi a palavra do SENHOR; pois o SENHOR
tem uma acusação contra os habitantes da terra; porque não há verdade, nem
bondade, nem conhecimento de Deus na terra. Só prevalecem maldição, mentira,
assassinato, furto e adultério; há violências e homicídios sobre homicídios.
Por isso a terra se lamenta, e todos os seus habitantes desfalecem, juntamente
com os animais do campo e com as aves do céu, e até os peixes do mar morrem”
(Oséias 4:1-3). Essa é uma visão geral do problema da nação e a descrição cabe
bem à nossa situação. No entanto, o problema maior da nação de Israel não era a
corrupção generalizada, a falta de conhecimento de Deus, a violência, os
problemas ecológicos derivados da seca e de desastres. Tudo isso era
consequência de algo mais profundo.
Deus diz: “Entretanto, que ninguém venha a contender e que
ninguém repreenda; pois a minha contenda é contigo, ó sacerdote. Por isso tropeçarás
de dia, e o profeta tropeçará contigo de noite; e eu destruirei a tua mãe. O
meu povo está sendo destruído porque lhe falta conhecimento. Porque rejeitaste
o conhecimento, eu te rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de mim;
visto que te esqueceste da lei do teu Deus, eu me esquecerei de teus filhos”
(4:4-6). O povo era culpado de seus erros e pecados, mas tudo que acontecia na
época do profeta era consequência de uma liderança espiritual desleixada e
preocupada consigo mesma. Deus acusa o sacerdote e o profeta pela falta de
conhecimento de Deus entre o povo. Se lermos o restante do capítulo vamos ver
Deus os acusando de se alimentarem dos pecados do povo (4:7,8), de observarem a
prostituição e a idolatria da nação e cooperarem para a degeneração (4:9-19). O
fato de os evangélicos representarem 25% da população não significa nada, pois
os mesmos pecados que acusamos são frequentes na “cultura gospel e evangélica” de nosso país. O evangelicalismo brasileiro é
sincrético, místico, capitalista e medíocre, baseado no que há de pior da
religião, nutrindo uma cultura de ignorância e distanciamento bíblico.
Há esperança?
Sim, há esperança. O mesmo Oséias que prega de forma vívida por meio de um
relacionamento estremecido por causa de um adultério, numa clara alusão do
adultério espiritual de Israel em relação a Deus, nos traz esperança. Em todo o
livro, ao mesmo tempo em que o profeta clama contra os pecados da nação, seus
olhos estão na redenção futura: “Depois os
israelitas voltarão e buscarão o SENHOR, seu Deus, e Davi, seu rei; e, nos
últimos dias, tremendo, eles se aproximarão do SENHOR e da sua bondade”
(3:5); “Vinde e voltemos para o SENHOR,
porque ele nos despedaçou, mas haverá de nos curar; ele nos feriu, mas cuidará
das feridas. Depois de dois dias, ele nos revivificará; no terceiro dia nos
levantará, e viveremos diante dele. Conheçamos e prossigamos em conhecer o
SENHOR; como o sol nascente, a sua vinda é certa; ele virá a nós como a chuva,
como a primeira chuva que rega a terra” (6:1-3).
Chegamos ao
fim de ano e certamente não foi um ano fácil. Escândalos, pecados, problemas e
situações que podem muitas vezes tirar a nossa esperança. No entanto, se somos
de fato o povo de Deus devemos olhar além de nós mesmos e ver o que Ele deseja
com tudo isso. Somos chamados a viver segundo a Palavra de Deus, chamados a
viver segundo Seus princípios no meio de um mundo corrompido e em trevas. Isso
não significa uma vida fácil nem tranquila, mas temos a esperança que não pode
ser destruída por nenhum tipo de crise ou circunstância adversa. Como nos diz o
profeta no final de seu livro: “Quem é sábio
para entender essas coisas? E prudente, para compreendê-las? Pois os caminhos
do SENHOR são retos e os justos andarão por eles; mas os transgressores neles
cairão” (14:9). Quem é sábio e prudente? Aquele que teme ao Senhor,
que faz Dele sua força e segurança. E apesar de todas as adversidades, os
santos do Senhor caminham seguros, pois os caminhos de Deus são retos.
Portanto, vivamos a cada dia mais dependendo do Senhor, refletindo Sua glória e
o Evangelho gracioso, pois mesmo que a situação piore e a mão de Deus continue
pesando no ano que entra, Ele mesmo cuidará dos Seus.
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