quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

50 TONS DAS TREVAS! A CULTURA E A BÍBLIA

A Bíblia é clara quando afirma: “As obras da carne são evidentes, a saber: imoralidade, impureza e indecência[...] bebedeiras, orgias e coisas semelhantes a essas [...]” (Gálatas 5:19,21). Imaginar que algo da cultura humana, marcada pelo pecado e a queda tragam alguma coisa boa é no mínimo tolice para não dizer loucura! Enquanto milhões de pessoas bebem o veneno de “Cinquenta tons de cinza”, seja no livro ou no cinema, outros milhões parecem curiosos em saber o que há por trás desse “sucesso” literário e cinematográfico. A verdade, entretanto, é outra e a cor também. Os tons de cinza passam distantes da cor verdadeira, pois o que ali está inserido é densas trevas do pecado, da carne e do inferno. O glamour apresentado é doentio, sombrio e pernicioso, onde a relação entre uma jovem estudante de literatura e um bem sucedido CEO, também jovem, confundem amor com sadomasoquismo, manipulação e sadismo. Enquanto milhões aplaudem essa distorção tenebrosa, fica a pergunta: Por que um cristão assistiria uma coisa tão nojenta como essa?
Poucos cristãos estão dispostos a assumir a verdade do Evangelho. Para muitos daqueles que afirmam seguir a Cristo, um filme como esse não influencia a vida espiritual; outros dirão que é apenas um “lazer” e que seria “muito radical” fazer uma seleção daquilo que vamos ou não ver. Entretanto, prefiro olhar a Escritura e ser guiado por ela, principalmente por ser a Bíblia nossa única regra de fé e prática.
O que muitos cristãos não percebem é a forte influência diabólica na cultura humana. A Escritura é clara ao afirmar “[...] que o mundo inteiro jaz no Maligno” (1João 5:19b). O mundo aqui não é o mundo físico, mas a estrutura humana onde estamos inseridos e que Paulo chama de “presente século” (Romanos 12:2). Há nessa cultura decaída uma série de mensagens distribuídas em livros, revistas, músicas, nas artes em geral, cheias de perdição moral e de tudo aquilo que se levanta contra Deus. E nessa cultura humana decaída, o que vemos e ouvimos nada mais é que o reflexo da natureza humana sujeita ao pecado.
Uma leitura obrigatória para compreender esse assunto é certamente A Instituição da Religião Cristã, de João Calvino (1509-1564). Concordemos ou não com ele, fica evidente que sua obra é um exemplo obrigatório do discernimento bíblico na questão da cultura humana. Ele chega a afirmar: “Loucura seria querer aceitar dos filósofos a definição da alma, dos quais quase nenhum, a exceção de Platão, chegou a afirmar que é imortal” (I.15.8). Calvino estudou intensamente o pensamento dos grandes filósofos em sua educação humanista-cristã do século XVI. Apesar de Platão ser um filósofo pagão, ele reconhece que foi ele o que chegou mais perto da definição correta. Todavia, Calvino observa que o erro básico dos filósofos é sua pressuposição de que a humanidade não está em estado de depravação, e por isso não entendem os dois estados do ser humano, o entendimento e a vontade. Esses dois aspectos são fundamentais para a escolha.
O mal e o bem estão localizados na esfera da escolha e, portanto, a escultura, música, poesia, pintura, cinema e tantas outras formas artísticas, são entidades abstratas sem uma natureza moral inerente. A natureza moral é aquilo que criamos quando atribuímos satisfação (HONER, 2005, p.499). E toda a criação humana revela a decadência dessa humanidade; embora o ser humano ainda possua a “imagem de Deus”, essa imagem está corrompida pelo pecado e apresenta erros na sua forma cultural. Nossa missão como observadores decaídos é difícil, discernir a verdade do erro.
Portanto, não podemos considerar a cultura pop que nos cerca como algo simplesmente irrelevante ou entretenimento. Na vida cristã nada é irrelevante! Se fomos comprados com o precioso sangue de Cristo (1Pedro 1:18,19), então toda ação e pensamento devem ser submetidos ao Senhorio de Cristo (2Coríntios 10:5). A questão não é apenas pragmática, mas de valor real, pois também honramos a Deus com uma arte que se submete ao Seu senhorio. Ignorar ou minimizar essas coisas é um ato de desobediência; isolamento e permissividade também o são.
O que falta para muitos cristãos? É o conhecimento das Escrituras. É a Bíblia que nos ajuda a discernir a verdade do erro e não cair nas armadilhas de um projeto cultural corrupto e consumista. Todos os dias somos bombardeados com entrevistas, anúncios, programas, filmes, músicas e expostos a uma cultura quase anestesiante de material cultura. Também somos expostos a uma grande variedade de informações sob os rótulos de “cristão” ou “gospel”, de sermões, livros, revistas, músicas, fóruns de discussão na internet e tantas outras coisas que quase não possuem a verdade bíblica. Como avaliar corretamente isso?
A Bíblia diz: “Qualquer pessoa que se alimenta de leite é inexperiente na palavra da justiça, pois é criança. Mas o alimento sólido é para os adultos que, pela prática, têm suas faculdades morais exercitadas para distinguir entre o bem e o mal” (Hebreus 5:13,14). O ponto de partida no compromisso cristão em relação a qualquer aspecto da cultura deve ser sempre uma antropologia bíblica. E o que Deus diz sobre isso? Diz que o ser humano é pecador e que sua natureza está corrompida, de modo que não pode refletir a beleza da imagem de Deus. Filmes e livros como “Cinquenta tons de cinza” refletem essas trevas que corrompem o ser humano, pois nem de longe esse trabalho está falando de amor. O erotismo é baixo e desrespeitoso à figura da mulher. Só mulher de malandro gosta de apanhar!
Deus é contra a arte e a estética? Não! O Espírito do SENHOR tomou Bezalel e Aoliabe e deu-lhes sabedoria para criar obras artísticas para o uso no tabernáculo (cf. Êxodo 35:30-36:1). Ter experiências estéticas é claramente um dom de Deus. Todavia, o pecado inerente ao ser humano e a maldade perverte as boas dádivas de Deus e as torna em ídolos. Somos chamados a adorar a Deus na “beleza de sua santidade” (cf. Salmo 96:9). O que Deus nos chama aqui é a atenção no discernimento e no julgamento que devem ser feitos à luz da Escritura. O problema não é a cultura, mas as pessoas que estão corrompidas. E como cristãos, somos chamados a viver aqui com nossa mente na glória eterna, de modo que os tons de cinza não acabem na escuridão da alma, mas que progridam para a brancura da santidade que nos espera.

Tenha uma boa semana em Cristo.
Fraternalmente, Pr. Gilson Jr.

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