quarta-feira, 27 de maio de 2015

O DEUS BENDITO (Parte 2 de 2)

O DEUS BENDITO (Parte 2 de 2)

Continuando nossa reflexão na introdução da carta de Pedro vemos que existe outra razão porque Deus é bendito: “para uma herança que não perece, não se contamina nem se altera, reservada nos céus para vós” (1Pedro 1:4). Essa obra de regeneração que nos traz uma viva esperança é traduzida aqui como a herança que temos no Senhor. A palavra grega klêronomia (klhronomi,a), “herança”, pode denotar uma propriedade já recebida, bem como uma ainda aguardada. Essa herança está no céu, não aqui na terra. E Pedro a caracteriza por três adjetivos.
O primeiro adjetivo é o que Pedro chama de Imperecível. No grego temos aphtharton (a;fqarton). Tem a ideia de algo que não passa e que não perece, não apodrece, não se deteriora. Paulo nos diz que o corruptível se revestirá do incorruptível (cf. 1Coríntios 15:53), usando o mesmo vocábulo daqui. Vemos que nossa herança nos céus não ficará gasta nem envelhecida. Nossos corpos celestiais serão semelhantes ao de Jesus glorificado e jamais sofrerão a morte (cf. Filipenses 3:21);
O segundo adjetivo que Pedro usa é a expressão Sem contaminação. No grego o segundo adjetivo é amianton (avmi,anton), “sem mácula”, algo absolutamente limpo, sem qualquer tipo de sujeira ou contaminação que possa levar a degeneração. Ou seja, quando recebermos a nossa herança nos céus nunca mais seremos arrastados para a lama do pecado.
E o terceiro adjetivo usado aqui é Inalterado. Aqui o vocábulo grego é amaranton (avma,ranton). Algumas traduções usam a palavra “imarcescível”, uma palavra pouco usada no português hoje em dia. A palavra era usada com relação às flores e sugere uma beleza sobrenatural que o tempo não pode apagar. A salvação que Deus concede aos Seus filhos nunca perde sua beleza e nem seu frescor.
E finalmente, Deus é bendito por causa de Seu poder em manter nossa salvação: “que sois protegidos pelo poder de Deus, mediante a fé, para a salvação preparada para se revelar no último tempo” (1Pedro 1:5). A salvação não depende de nós mesmos, mas de Deus nos manter debaixo de Sua proteção. Isso não significa dizer que somos totalmente inativos na questão da salvação, mas que o poder que nos mantém de pé está no Senhor, não em nós. Aqui temos a palavra phouroumenous (frouroume,nouj), “guardar, vigiar”. O termo é militar, indicando a guarda feita pelos soldados. O tempo presente enfatiza a contínua proteção na luta interminável da alma. Essa é a garantia da vitória final, a proteção de Deus.
Como é maravilhoso pensar em Deus e no Seu poder e graça. Mais maravilhoso ainda é saber que a nossa salvação está firmada em Seus braços de amor e não em nossos méritos pessoais. Sendo a salvação uma ação da graça soberana; crer é consequência, e não causa do decreto de Deus. Nenhum ser humano de si mesmo tem fé para a salvação. Em geral, a tendência do homem natural é acabar na idolatria. Lucas registra em Atos que Paulo e Barnabé, pregaram em Antioquia da Psídia e muitos gentios e judeus creram na mensagem do Evangelho. Lucas registra: “[...] creram todos os que haviam sido designados para a vida eterna” (Atos 13:48).
Charles Spurgeon sobre essa passagem disse: “Têm-se feito certas tentativas para demonstrar que estas palavras não ensinam a predestinação, mas tais tentativas forçam a linguagem tão claramente, que não vou desperdiçar o tempo em replicá-las... Leia bem: ‘creram todos os que haviam sido designados para a vida eterna’, e não tenho que torcer o texto, senão que glorificar a Deus, atribuindo-lhe todos os casos de pessoas que crêem... Não é Deus quem dá disposição para crer? Se há homens dispostos a possuir a vida eterna, não é Ele em todos os casos quem os dispõe? É injusto que Deus dê graça? Se é justo que a dê, é injusto que se tenha proposto a dá-la? Desejavas que a desse por acidente? Se é justo que tenha o propósito de dar graça hoje, era justo que se propusesse antes desta data e, portanto, já que Ele não muda, desde a eternidade”.
Não somente tem Deus o direito de fazer o que queira com Suas criaturas, mas que acima de tudo o faz segundo Sua graça. Antes da fundação do mundo Deus fez uma seleção, uma eleição. Diante de Seus olhos oniscientes estava toda raça de Adão, e dali escolheu um povo e o “... predestinou para sermos adotados como filhos...” (Efésios 1:5), “... os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho...” (Romanos 8:29). Muitos são os textos bíblicos que nos põe num santo alívio acerca desta bendita verdade e que nos mostram a eterna segurança da salvação que recebemos. Portanto, louve ao Senhor e agradeça todos os dias ao Deus bendito que nos salvou por Sua eterna graça.

Fraternalmente em Cristo, Pr. Gilson Jr.

quinta-feira, 21 de maio de 2015

O DEUS BENDITO (Parte 1 de 2)

O DEUS BENDITO (Parte 1 de 2)

Deus é um Ser pessoal e quando olhamos as Escrituras ficamos impressionados com a beleza e a majestade do Senhor. O apóstolo Pedro escrevendo aos cristãos da Ásia inicia louvando a Deus de uma forma maravilhosa, o Deus bendito que executou Sua obra através de Jesus Cristo: “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos regenerou para uma viva esperança, segundo a sua grande misericórdia, pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, para uma herança que não perece, não se contamina nem se altera, reservada nos céus para vós, que sois protegidos pelo poder de Deus, mediante a fé, para a salvação preparada para se revelar no último tempo” (1Pedro 1:3-5).
O foco aqui é a ação soberana de Deus, razão pela qual Ele é bendito e digno de ser adorado: “Bendito seja o Deus e Pai [...]”. Aqui vemos a profunda identidade judaica de Pedro, que se utiliza do estilo das bênçãos judaicas que eram recitadas três vezes ao dia nos ofícios das sinagogas e pelos judeus piedosos. O mais interessante é que a fórmula usada aqui por Pedro é a mesma usada por Paulo ao escrever aos Efésios e aos Coríntios (Efésios 1:3; 2Coríntios 1:3). Isso mostra que os discípulos seguiram o exemplo dado pelo Senhor e mostra como essa influência judaica marcou profundamente o cristianismo primitivo.
Mas Deus não é apenas Aquele que é digno de ser louvado; Ele é o pai do Senhor Jesus Cristo: “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo [...]”. A encarnação do Senhor Jesus aponta para o momento em que Ele assumiu a natureza humana, sendo o Deus vindo em carne. Essa é uma doutrina fundamental do cristianismo que desde os tempos mais antigos aceita a Plena divindade e plena humanidade de Cristo.
A doutrina da encarnação está profundamente ligada à doutrina da Trindade. Cremos que Jesus Cristo é Deus e um em essência com o Pai. Como definido no Credo Niceno (325 d.C.): “Cremos em um Deus, Pai Todo-poderoso, Criador do céu e da terra, de todas as coisas visíveis e invisíveis; e em um Senhor Jesus Cristo, o unigênito Filho de Deus, gerado pelo Pai antes de todos os séculos, Luz de Luz, verdadeiro Deus de verdadeiro Deus, gerado não feito, de uma só substância com o Pai, pelo qual todas as coisas foram feitas; o qual, por nós homens e por nossa salvação, desceu dos céus, foi feito carne do Espírito Santo e da Virgem Maria, e tornou-se homem, e foi crucificado por nós sob o poder de Pôncio Pilatos, e padeceu, e foi sepultado, e ressuscitou ao terceiro dia conforme as Escrituras, e subiu aos céus, e assentou-se à direita do Pai [...]” (BETTENSON, 2011, p.63)
Mas em que consiste a encarnação de Cristo e por que ela é importante? Ela consiste na visão de que o Deus Filho, a segunda pessoa da Trindade, assumiu a natureza humana. Mas também não podemos nos esquecer de que o Pai e o Espírito Santo agiram na encarnação. O Verbo foi gerado em Maria pela atuação do Espírito Santo (cf. Mateus 1:20; Lucas 1:35), sendo Ele a expressão da glória do Pai (cf. João 1:14) em cumprimento à profecia dada por Deus a Davi (cf. Atos 2:30).
Por que Jesus assumiu a natureza humana? As Escrituras apontam que a encarnação estava condicionada ao pecado humano. O Senhor veio buscar e salvar o que estava perdido (Lucas 19:10); Ele veio mostrar o amor de Deus, humilhando-se a Si mesmo ao tomar a forma humana (João 3:16; cf. também Filipenses 2:5-11; 1João 3:8). A encarnação de Cristo foi planejada na eternidade, tornando-O um membro da raça humana e que passou pelas mesmas circunstâncias da humanidade, porém sem pecado, tornando-se assim o sumo sacerdote perfeito (cf. Hebreus 4:14-16). Ele é plenamente Deus e plenamente homem.
Mas Pedro continua sua explanação para mostrar porque a adoração ao Pai é importante: “[...] que nos regenerou para uma viva esperança, segundo a sua grande misericórdia, pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos” (1:3b). O Deus Pai é bendito porque Ele operou em nossa vida o novo nascimento. O vocábulo grego anagennêsas (avnagennh,saj) significa “regenerar, fazer nascer de novo”. A ideia de um novo começo, mediante uma ação Divina através da infusão da vida espiritual.
O novo nascimento ou a regeneração é algo fundamental no cristianismo. Regeneração é Deus renovando o coração, o âmago do ser humano, implantando nele um novo princípio de desejo, propósito e ação, uma propensão dinâmica que encontra expressão na resposta positiva ao Evangelho e a Cristo. A posição de Jesus desde o começo é que não há prática de fé em Sua pessoa como Salvador sobrenatural, nem arrependimento, nem verdadeiro discipulado fora desse novo nascimento (João 3:5; cf. Ezequiel 36:25-27).
Por isso essa regeneração traz “uma viva esperança”. Mas que viva esperança seria essa? É a esperança do Evangelho, sempre renovada, baseada no poder de Cristo. O Espírito Santo imprime em nosso coração a garantia da salvação que receberemos na eternidade. Por isso a esperança é viva, pois é através da regeneração que passamos a desfrutar a garantia incontestável do Cristo ressurreto.
Outro motivo pelo qual Deus é bendito é que a regeneração operada foi uma ação da misericórdia Dele: “[...] segundo a sua grande misericórdia”. Deus é o grande protagonista da salvação, não o ser humano. A misericórdia nasce da bondade de Deus, pois a Sua misericórdia denota a pronta inclinação de Deus em aliviar a miséria de Suas criaturas caídas. A misericórdia pressupõe a existência do pecado. Embora Deus possa manifestar Sua misericórdia sobre toda a humanidade, aqui Pedro está focando a misericórdia que é trabalhada pela graça soberana de Deus. (cf. Romanos 9:15). Ou seja, não é a situação da criatura que desperta a misericórdia de Deus, como se Ele fosse influenciado pela miséria dos pecadores.
A misericórdia não é uma questão de merecimento, pois se assim fosse seria uma contradição de termos. Paulo diz a Tito: “não por méritos de atos de justiça que houvéssemos praticado, mas segundo a sua misericórdia, ele nos salvou mediante o lavar da regeneração e da renovação realizadas pelo Espírito Santo” (Tito 3:5). A misericórdia provém somente da própria vontade soberana de Deus. Por isso Ele é digno de ser louvado. A misericórdia de Deus foi demonstrada “[...] pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos”, que nos dá a certeza de que a morte foi vencida e que em Cristo temos a certeza da vida eterna.
Quer saber mais? Venha quarta-feira no culto de oração estudar a carta de Pedro.

Fraternalmente em Cristo, Pr. Gilson Jr.

quinta-feira, 14 de maio de 2015

POR QUEM OS SINOS DOBRAM?

POR QUEM OS SINOS DOBRAM?

Um pastor e poeta britânico, John Donne (1572-1631), deão da Catedral de São Paulo em Londres, disse num de seus sermões: “Nenhum homem é uma ilha, inteira em si mesma; cada indivíduo é um pedaço do continente, uma parte da porção central [...] a morte de qualquer homem só me diminui, e isso porque sou parte integrante da humanidade. Portanto, nunca mandes perguntar por quem os sinos dobram; dobram por ti”. As suas palavras sombrias refletiam a extrema melancolia e profunda piedade em relação à morte, fruto da limitação que a Queda tinha imposto sobre a raça humana.
Infelizmente vivemos numa geração que não pensa muito nas consequências espirituais, éticas e morais de suas ações. Na sua grande maioria as pessoas olham apenas para seu umbigo, pensando apenas no aqui e no agora, sem se importar com os outros, vivendo num isolacionismo; embora conectados num mundo virtual existe um sentimento de solidão e angústia nas pessoas. Um dos aspectos dessa angústia é a entrega excessiva das pessoas na busca do prazer. A nossa sociedade criou a falsa premissa de que os desejos emocionais são objetos sagrados e que é um crime contra a natureza manter uma necessidade emocional não satisfeita. Por isso essas pessoas passaram a criar justificativas morais para seus atos, partindo da premissa de que a satisfação pessoal deve ser buscada a qualquer preço. O resultado trágico dessa postura é que as pessoas não pensam sobre a brevidade da vida e o propósito da existência.
A Bíblia diz com ênfase: “Melhor é ir à casa onde há luto do que ir à casa onde há banquete; pois a morte é o fim de todos os homens; que os vivos reflitam nisso em seu coração” (Eclesiastes 7:2). Sim, Deus nos convida a refletir sobre a existência, sobre a finitude e o real propósito da vida. Quando nos esquecemos disso tendemos a viver a vida de uma forma despreocupada, achando que nada poderá nos acontecer e que estamos seguros de nossa posição.
Nos dias de Ezequias o reino de Judá vivia sob a ameaça de Senaqueribe e os assírios dominavam o mundo com terror e destruição. Embora Ezequias fosse um rei justo e piedoso, o povo de Jerusalém ainda estava sob a influência do péssimo governo de Acaz. Esse rei submeteu-se à Assíria e aos deuses pagãos, espalhando em Judá uma péssima influência espiritual. Por causa disso o povo de Jerusalém mantinha uma atitude frívola diante das circunstâncias, a ponto de Deus levantar o profeta Isaías numa dura acusação.
Diante da invasão assíria em Judá o profeta está inconsolável diante da destruição e da guerra que surgia (Isaías 22:1-7). Mas o pior não era isso; Judá confiava na sua própria força e não olhava para Deus (22:8-11). O povo esquecia quem de fato governava as nações e esperava ajuda de outra fonte que não o Senhor. Diante disso o profeta proclama: “Naquele dia, o Senhor, o SENHOR dos Exércitos, vos convidou a chorar e a prantear, a rapar a cabeça e a vestir panos de saco; mas, pelo contrário, houve regozijo e alegria, matança de bois, abate de ovelhas, carne para comer, vinho para beber; e se diz: Comamos e bebamos, porque amanhã morreremos” (Isaías 22:12,13).
Não é assim até hoje? Deus convida o ser humano ao arrependimento, a uma mudança de postura, uma reflexão profunda que nos leve de volta ao Senhor, no entanto, esse ser humano prefere o churrasco, a festa, a bebedeira e a glutonaria, porque no final a morte não os impulsiona a uma mudança de postura, mas a uma atitude irrefletida e irresponsável. O prazer da bebida e da comida fazia com que os judeus fechassem os ouvidos para a voz de Deus. O juízo foi estabelecido por causa disso: “Mas o SENHOR dos Exércitos segredou-me aos ouvidos: Certamente esta maldade não será perdoada até a vossa morte, diz o Senhor, o SENHOR dos Exércitos” (22:14).
Não nos enganemos, os sinos dobram por nós! Nosso tempo está acabando e não podemos ser relapsos a ponto de deixar esse assunto na gaveta. Todos os dias devemos nos lembrar do alerta que o Senhor nos dá: “Portanto, assim te tratarei, ó Israel! E porque assim te tratarei, prepara-te, ó Israel, para te encontrares com o teu Deus. Porque é ele quem forma os montes, cria o vento e diz ao homem o seu pensamento. Ele transforma a manhã em trevas e anda sobre os lugares altos da terra; o seu nome é SENHOR, o Deus dos Exércitos” (Amós 4:12,13).
Para alguns esse encontro será glorioso e abençoador; todavia, para outros, será de tristeza e angústia, justamente por não terem considerado a vida como uma dádiva e uma responsabilidade. Como cristãos não podemos desprezar nosso tempo e nem a vida que recebemos do Criador. Ela não é nossa, mas do Senhor e temos que vivê-la da melhor forma possível.
Como podemos fazer isso? Paulo nos responde: “Portanto, seja comendo, seja bebendo, seja fazendo qualquer outra coisa, fazei tudo para a glória de Deus” (1Coríntios 10:31). Precisamos encarar todas as atividades da vida sob o ângulo da glória de Deus. O que faço trará a glória de Deus? As minhas finanças, minhas roupas, minhas amizades, meu tempo e o que faço durante o dia, todas as dimensões da existência trará a glória Daquele que me criou? Pense nisso agora, antes que sejamos mais um na multidão que vive sem nenhum sentido, antes que o tempo acabe e não dê mais tempo para fazer o que de fato importa.

Fraternalmente em Cristo, Pr. Gilson Jr.

quarta-feira, 6 de maio de 2015

FAMÍLIA E SEUS VALORES INEGOCIÁVEIS!

FAMÍLIA E SEUS VALORES INEGOCIÁVEIS!


Em nossos dias a família está sendo sistematicamente atacada por diversos lados. A mídia, com as novelas, séries, cinema e por meio de outras formas artísticas, na educação humanista infiltrada nas universidades, onde as ideologias socialistas e marxistas tentam impor sobre os outros uma visão liberal e progressista, na política, no Estado, no judiciário, enfim, muitos são os lados dessa guerra.
O inimigo dos projetos de Deus tem tentado destruir a família (pai, mãe e filhos) e colocando a responsabilidade nas instituições de caráter social dos governos. O crescimento dos serviços de saúde, educação pública têm roubado os papéis tradicionais dos pais como preparadores dos filhos. Hoje têm educadores, psicólogas, enfermeiras, instrutoras, professoras, todas habilitadas nas teorias e que estão tomando o controle dos nossos filhos. Além disso, a influência penetrante e muitas vezes impositiva da televisão, da escola e dos grupos etários e de interesse. Quando a criança está na escola, ela observa e absorve o comportamento dos outros e não aceita ser diferente, senão fica fora do ambiente social e pode sofrer com o afastamento.
Os pais, muitas vezes despreparados ou desleixados na leitura e confiança nos ensinamentos do Senhor, têm se esquecido (ou não têm tempo) para a conversa franca e dentro da Palavra de Deus e recorrem aos especialistas. Isso tem se tornado lugar comum e a sociedade têm aceitado a negligência da família com a desculpa de que os pais, cansados de um dia de trabalho, não têm mais paciência para ouvir as conversas dos filhos. Está aberta a “brecha” por onde o inimigo pode entrar e quando os pais “acordarem” já pode ser tarde demais.
A Igreja se encontra no centro desse conflito, justamente por defender princípios e valores que vão de encontro às ideologias humanistas. A nossa posição acaba sendo tachada de “burguesa”, “conservadora”, “fundamentalista” e não são poucos que nos colocam epítetos menos respeitáveis, tais como “fascistas”. Jesus disse: “E, por se multiplicar a maldade, o amor de muitos esfriará” (Mateus 24:12). Ou seja, o amor seria ofuscado pela iniquidade, por uma humanidade egoísta e totalmente voltada aos seus interesses pessoais. O apóstolo Paulo lembra a Timóteo que o Espírito Santo lhe havia revelado: “Sabe, porém, que nos últimos dias haverá tempos difíceis; pois os homens amarão a si mesmos, serão gananciosos, arrogantes, presunçosos, blasfemos, desobedientes aos pais, ingratos, ímpios, sem afeição natural [...]” (2Timóteo 3:1-3a). E essa descrição bíblica já existe em nosso meio e muitos desavisados acabam aceitando esses “novos valores” em nome do “politicamente correto” para não parecerem “retrógados”. Inclusive muitos cristãos e igrejas estão adotando os “novos valores”, numa tentativa vergonhosa de flexibilizar os princípios bíblicos para “atrair” novos adeptos.
O que a Bíblia nos diz? Ela nos afirma que Deus é o Criador da família e que Ele a estabeleceu desde o início: “Portanto, o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher, e eles serão uma só carne” (Gênesis 2:24). Somente Deus tem autoridade para interferir nesse modelo e em nenhum lugar da Escritura encontramos outro modelo; pelo contrário, todas as vezes que o ser humano tentou programar outro modelo fora o monogâmico o resultado foi desastroso. Veja, por exemplo, Abraão, Jacó, Davi e o mais emblemático, Salomão.
Deus criou Adão, colocou-o em um ambiente perfeito; ele tinha tudo o que queria, mas Deus disse: “Não é bom que o homem esteja só”. Isto ainda é verdade seja você casado ou solteiro. Pessoas foram feitas para pessoas. Nós precisamos de relacionamentos. Precisamos ter um relacionamento profundo e ter pessoas que se preocupem conosco. O homem não foi feito para ficar sozinho. Por isso Deus criou a família. Depois Ele olhou e disse: “Agora sim!”.
Para que serve a família? Há cinquenta anos não era necessário falar sobre isso; era algo assumido e todos sabiam para que servia a família. Entretanto, hoje em dia muitos não têm a menor ideia do que representa a família. Para esses a resposta à pergunta poderia ser resumida em apenas duas palavras: Cama e café da manhã. É simplesmente a necessidade econômica, é a maneira de pagar menos impostos. É o lugar onde eu durmo e tomo o café da manhã. Deus diz que há muito mais em Seus planos para a família!
A família é a mais forte forjadora dos valores, por isso ela é tão importante para os cristãos. Por isso as setas do inimigo estão tão direcionadas para a família. Desde que constituiu a família Deus fez questão de frisar a importância do ensinamento em família. Você já ouviu alguém dizer: “Ah, eu não vou impor meus valores espirituais a meus filhos. Vou deixar que eles escolham por si mesmos”. Besteira! A insensatez dessa decisão é que ela implica que Deus é uma opção. Deus não é uma opção. Se você não está ensinando a seus filhos acerca de Deus, você está cometendo um grande erro que tem implicações eternas. Não é apenas uma questão de deixar que eles escolham.
A família tradicional está desaparecendo e poucos estão lamentando esse fato. Muitas mulheres hoje trabalham fora e cada vez é maior o número daquelas que são responsáveis pelo sustento do lar. Mas, mesmo nesse contexto, a família cristã pode ser diferente e manter os valores ensinados por Jesus. Portanto, lutemos por famílias mais sadias, não destruindo o projeto de Deus, mas buscando o Criador e pedindo a Ele sabedoria para sermos bons maridos, boas esposas, bons pais e bons filhos.

Fraternalmente em Cristo, Pr. Gilson Jr.