quinta-feira, 21 de maio de 2015

O DEUS BENDITO (Parte 1 de 2)

O DEUS BENDITO (Parte 1 de 2)

Deus é um Ser pessoal e quando olhamos as Escrituras ficamos impressionados com a beleza e a majestade do Senhor. O apóstolo Pedro escrevendo aos cristãos da Ásia inicia louvando a Deus de uma forma maravilhosa, o Deus bendito que executou Sua obra através de Jesus Cristo: “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos regenerou para uma viva esperança, segundo a sua grande misericórdia, pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, para uma herança que não perece, não se contamina nem se altera, reservada nos céus para vós, que sois protegidos pelo poder de Deus, mediante a fé, para a salvação preparada para se revelar no último tempo” (1Pedro 1:3-5).
O foco aqui é a ação soberana de Deus, razão pela qual Ele é bendito e digno de ser adorado: “Bendito seja o Deus e Pai [...]”. Aqui vemos a profunda identidade judaica de Pedro, que se utiliza do estilo das bênçãos judaicas que eram recitadas três vezes ao dia nos ofícios das sinagogas e pelos judeus piedosos. O mais interessante é que a fórmula usada aqui por Pedro é a mesma usada por Paulo ao escrever aos Efésios e aos Coríntios (Efésios 1:3; 2Coríntios 1:3). Isso mostra que os discípulos seguiram o exemplo dado pelo Senhor e mostra como essa influência judaica marcou profundamente o cristianismo primitivo.
Mas Deus não é apenas Aquele que é digno de ser louvado; Ele é o pai do Senhor Jesus Cristo: “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo [...]”. A encarnação do Senhor Jesus aponta para o momento em que Ele assumiu a natureza humana, sendo o Deus vindo em carne. Essa é uma doutrina fundamental do cristianismo que desde os tempos mais antigos aceita a Plena divindade e plena humanidade de Cristo.
A doutrina da encarnação está profundamente ligada à doutrina da Trindade. Cremos que Jesus Cristo é Deus e um em essência com o Pai. Como definido no Credo Niceno (325 d.C.): “Cremos em um Deus, Pai Todo-poderoso, Criador do céu e da terra, de todas as coisas visíveis e invisíveis; e em um Senhor Jesus Cristo, o unigênito Filho de Deus, gerado pelo Pai antes de todos os séculos, Luz de Luz, verdadeiro Deus de verdadeiro Deus, gerado não feito, de uma só substância com o Pai, pelo qual todas as coisas foram feitas; o qual, por nós homens e por nossa salvação, desceu dos céus, foi feito carne do Espírito Santo e da Virgem Maria, e tornou-se homem, e foi crucificado por nós sob o poder de Pôncio Pilatos, e padeceu, e foi sepultado, e ressuscitou ao terceiro dia conforme as Escrituras, e subiu aos céus, e assentou-se à direita do Pai [...]” (BETTENSON, 2011, p.63)
Mas em que consiste a encarnação de Cristo e por que ela é importante? Ela consiste na visão de que o Deus Filho, a segunda pessoa da Trindade, assumiu a natureza humana. Mas também não podemos nos esquecer de que o Pai e o Espírito Santo agiram na encarnação. O Verbo foi gerado em Maria pela atuação do Espírito Santo (cf. Mateus 1:20; Lucas 1:35), sendo Ele a expressão da glória do Pai (cf. João 1:14) em cumprimento à profecia dada por Deus a Davi (cf. Atos 2:30).
Por que Jesus assumiu a natureza humana? As Escrituras apontam que a encarnação estava condicionada ao pecado humano. O Senhor veio buscar e salvar o que estava perdido (Lucas 19:10); Ele veio mostrar o amor de Deus, humilhando-se a Si mesmo ao tomar a forma humana (João 3:16; cf. também Filipenses 2:5-11; 1João 3:8). A encarnação de Cristo foi planejada na eternidade, tornando-O um membro da raça humana e que passou pelas mesmas circunstâncias da humanidade, porém sem pecado, tornando-se assim o sumo sacerdote perfeito (cf. Hebreus 4:14-16). Ele é plenamente Deus e plenamente homem.
Mas Pedro continua sua explanação para mostrar porque a adoração ao Pai é importante: “[...] que nos regenerou para uma viva esperança, segundo a sua grande misericórdia, pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos” (1:3b). O Deus Pai é bendito porque Ele operou em nossa vida o novo nascimento. O vocábulo grego anagennêsas (avnagennh,saj) significa “regenerar, fazer nascer de novo”. A ideia de um novo começo, mediante uma ação Divina através da infusão da vida espiritual.
O novo nascimento ou a regeneração é algo fundamental no cristianismo. Regeneração é Deus renovando o coração, o âmago do ser humano, implantando nele um novo princípio de desejo, propósito e ação, uma propensão dinâmica que encontra expressão na resposta positiva ao Evangelho e a Cristo. A posição de Jesus desde o começo é que não há prática de fé em Sua pessoa como Salvador sobrenatural, nem arrependimento, nem verdadeiro discipulado fora desse novo nascimento (João 3:5; cf. Ezequiel 36:25-27).
Por isso essa regeneração traz “uma viva esperança”. Mas que viva esperança seria essa? É a esperança do Evangelho, sempre renovada, baseada no poder de Cristo. O Espírito Santo imprime em nosso coração a garantia da salvação que receberemos na eternidade. Por isso a esperança é viva, pois é através da regeneração que passamos a desfrutar a garantia incontestável do Cristo ressurreto.
Outro motivo pelo qual Deus é bendito é que a regeneração operada foi uma ação da misericórdia Dele: “[...] segundo a sua grande misericórdia”. Deus é o grande protagonista da salvação, não o ser humano. A misericórdia nasce da bondade de Deus, pois a Sua misericórdia denota a pronta inclinação de Deus em aliviar a miséria de Suas criaturas caídas. A misericórdia pressupõe a existência do pecado. Embora Deus possa manifestar Sua misericórdia sobre toda a humanidade, aqui Pedro está focando a misericórdia que é trabalhada pela graça soberana de Deus. (cf. Romanos 9:15). Ou seja, não é a situação da criatura que desperta a misericórdia de Deus, como se Ele fosse influenciado pela miséria dos pecadores.
A misericórdia não é uma questão de merecimento, pois se assim fosse seria uma contradição de termos. Paulo diz a Tito: “não por méritos de atos de justiça que houvéssemos praticado, mas segundo a sua misericórdia, ele nos salvou mediante o lavar da regeneração e da renovação realizadas pelo Espírito Santo” (Tito 3:5). A misericórdia provém somente da própria vontade soberana de Deus. Por isso Ele é digno de ser louvado. A misericórdia de Deus foi demonstrada “[...] pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos”, que nos dá a certeza de que a morte foi vencida e que em Cristo temos a certeza da vida eterna.
Quer saber mais? Venha quarta-feira no culto de oração estudar a carta de Pedro.

Fraternalmente em Cristo, Pr. Gilson Jr.

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