quinta-feira, 14 de maio de 2015

POR QUEM OS SINOS DOBRAM?

POR QUEM OS SINOS DOBRAM?

Um pastor e poeta britânico, John Donne (1572-1631), deão da Catedral de São Paulo em Londres, disse num de seus sermões: “Nenhum homem é uma ilha, inteira em si mesma; cada indivíduo é um pedaço do continente, uma parte da porção central [...] a morte de qualquer homem só me diminui, e isso porque sou parte integrante da humanidade. Portanto, nunca mandes perguntar por quem os sinos dobram; dobram por ti”. As suas palavras sombrias refletiam a extrema melancolia e profunda piedade em relação à morte, fruto da limitação que a Queda tinha imposto sobre a raça humana.
Infelizmente vivemos numa geração que não pensa muito nas consequências espirituais, éticas e morais de suas ações. Na sua grande maioria as pessoas olham apenas para seu umbigo, pensando apenas no aqui e no agora, sem se importar com os outros, vivendo num isolacionismo; embora conectados num mundo virtual existe um sentimento de solidão e angústia nas pessoas. Um dos aspectos dessa angústia é a entrega excessiva das pessoas na busca do prazer. A nossa sociedade criou a falsa premissa de que os desejos emocionais são objetos sagrados e que é um crime contra a natureza manter uma necessidade emocional não satisfeita. Por isso essas pessoas passaram a criar justificativas morais para seus atos, partindo da premissa de que a satisfação pessoal deve ser buscada a qualquer preço. O resultado trágico dessa postura é que as pessoas não pensam sobre a brevidade da vida e o propósito da existência.
A Bíblia diz com ênfase: “Melhor é ir à casa onde há luto do que ir à casa onde há banquete; pois a morte é o fim de todos os homens; que os vivos reflitam nisso em seu coração” (Eclesiastes 7:2). Sim, Deus nos convida a refletir sobre a existência, sobre a finitude e o real propósito da vida. Quando nos esquecemos disso tendemos a viver a vida de uma forma despreocupada, achando que nada poderá nos acontecer e que estamos seguros de nossa posição.
Nos dias de Ezequias o reino de Judá vivia sob a ameaça de Senaqueribe e os assírios dominavam o mundo com terror e destruição. Embora Ezequias fosse um rei justo e piedoso, o povo de Jerusalém ainda estava sob a influência do péssimo governo de Acaz. Esse rei submeteu-se à Assíria e aos deuses pagãos, espalhando em Judá uma péssima influência espiritual. Por causa disso o povo de Jerusalém mantinha uma atitude frívola diante das circunstâncias, a ponto de Deus levantar o profeta Isaías numa dura acusação.
Diante da invasão assíria em Judá o profeta está inconsolável diante da destruição e da guerra que surgia (Isaías 22:1-7). Mas o pior não era isso; Judá confiava na sua própria força e não olhava para Deus (22:8-11). O povo esquecia quem de fato governava as nações e esperava ajuda de outra fonte que não o Senhor. Diante disso o profeta proclama: “Naquele dia, o Senhor, o SENHOR dos Exércitos, vos convidou a chorar e a prantear, a rapar a cabeça e a vestir panos de saco; mas, pelo contrário, houve regozijo e alegria, matança de bois, abate de ovelhas, carne para comer, vinho para beber; e se diz: Comamos e bebamos, porque amanhã morreremos” (Isaías 22:12,13).
Não é assim até hoje? Deus convida o ser humano ao arrependimento, a uma mudança de postura, uma reflexão profunda que nos leve de volta ao Senhor, no entanto, esse ser humano prefere o churrasco, a festa, a bebedeira e a glutonaria, porque no final a morte não os impulsiona a uma mudança de postura, mas a uma atitude irrefletida e irresponsável. O prazer da bebida e da comida fazia com que os judeus fechassem os ouvidos para a voz de Deus. O juízo foi estabelecido por causa disso: “Mas o SENHOR dos Exércitos segredou-me aos ouvidos: Certamente esta maldade não será perdoada até a vossa morte, diz o Senhor, o SENHOR dos Exércitos” (22:14).
Não nos enganemos, os sinos dobram por nós! Nosso tempo está acabando e não podemos ser relapsos a ponto de deixar esse assunto na gaveta. Todos os dias devemos nos lembrar do alerta que o Senhor nos dá: “Portanto, assim te tratarei, ó Israel! E porque assim te tratarei, prepara-te, ó Israel, para te encontrares com o teu Deus. Porque é ele quem forma os montes, cria o vento e diz ao homem o seu pensamento. Ele transforma a manhã em trevas e anda sobre os lugares altos da terra; o seu nome é SENHOR, o Deus dos Exércitos” (Amós 4:12,13).
Para alguns esse encontro será glorioso e abençoador; todavia, para outros, será de tristeza e angústia, justamente por não terem considerado a vida como uma dádiva e uma responsabilidade. Como cristãos não podemos desprezar nosso tempo e nem a vida que recebemos do Criador. Ela não é nossa, mas do Senhor e temos que vivê-la da melhor forma possível.
Como podemos fazer isso? Paulo nos responde: “Portanto, seja comendo, seja bebendo, seja fazendo qualquer outra coisa, fazei tudo para a glória de Deus” (1Coríntios 10:31). Precisamos encarar todas as atividades da vida sob o ângulo da glória de Deus. O que faço trará a glória de Deus? As minhas finanças, minhas roupas, minhas amizades, meu tempo e o que faço durante o dia, todas as dimensões da existência trará a glória Daquele que me criou? Pense nisso agora, antes que sejamos mais um na multidão que vive sem nenhum sentido, antes que o tempo acabe e não dê mais tempo para fazer o que de fato importa.

Fraternalmente em Cristo, Pr. Gilson Jr.

Nenhum comentário:

Postar um comentário