O CRISTIANISMO NA FRANÇA
O cristianismo penetrou na antiga província romana da
Gália já no segundo século, quando surgiram pequenas comunidades cristãs no sul,
principalmente em Lyon. No ano 177 d.C. essa igreja sofreu com a perseguição do
imperador Marco Aurélio (121-180 d.C.). Dentre os maiores líderes e teólogos da
igreja antiga destaca-se Irineu (Εἰρηναῖος), o ilustre bispo
de Lyon, que morreu no ano 202 d.C. Como a história é extensa, vamos dar apenas
uma noção cronológica dos fatos mais importantes.
·
Natal de 496 d.C.: O rei dos francos, Clóvis, foi
batizado juntamente com três mil dos seus guerreiros e assim os ancestrais dos
atuais franceses foram a primeira nação germânica a abraçar o cristianismo
ortodoxo, trinitário, quando outros povos bárbaros já haviam aderido a uma
concepção herética da fé cristã, o arianismo antitrinitário, negador da
divindade de Cristo.
·
732 d.C. Carlos Martel (686-741 d.C.) derrota
os exércitos muçulmanos procedentes da Península Ibérica na célebre e decisiva
batalha de Tours, na França central. Ele inaugura uma nova dinastia, os
Carolíngios, que durante o reinado do seu filho Pepino, o Breve (714-768 d.C.),
solidificou-se uma simbiose entre a igreja e o poder secular que traria certas
vantagens, mas também grandes malefícios para o cristianismo francês.
·
752 d.C. Pepino cedeu à Igreja os
territórios da Itália central que vieram a constituir os Estados Pontifícios,
que perduraram até o século XIX.
· Natal de 800. Carlos Magno (742-814 d.C.), filho
de Pepino, foi coroado imperador pelo papa Leão III em Roma. Ele foi o maior
monarca do período inicial da Idade Média, promovendo a cultura (“renascimento
carolíngio”), protegendo a igreja e ajudando os papas. Assim, os monarcas
franceses sentiram-se no direito de exercer um controle crescente sobre a
igreja, seus líderes e suas instituições. Isso gerou por séculos uma constante luta pela supremacia entre os
dois poderes, o estado francês e a cúria romana.
· Século IX. Anskar de Hamburgo, monge franco,
ficou conhecido como o apóstolo do norte, por ter sido o pioneiro cristão entre
os vikings da Escandinávia.
· Século X. O Mosteiro de Cluny que deu
origem a um movimento reformador que muito beneficiou a igreja, purificando a
sua liderança e reivindicando maior autonomia em relação ao poder temporal.
Destaca-se aqui o monge Hildebrando, que se tornaria depois o papa Gregório
VII.
· Século XI. Surge na França a seita dos
cátaros ou albigenses, que praticava um sincretismo cristão, gnóstico e
maniqueísta, chegando a um extremo asceticismo. Condenados pelo 4º Concílio de Latrão (1215; Inocêncio
III), os cátaros foram aniquilados por uma cruzada e pelas ações da Inquisição,
oficializada em 1233.
· Século XII. Os valdenses, surgidos em Lyon,
foram condenados pelo Concílio de Verona em 1184, e perseguidos por vários
séculos. Mais tarde abraçaram a Reforma Protestante.
· Século XIII. Filipe IV, o Belo (1285-1314) fortaleceu
a monarquia e preparou a França para tornar-se o primeiro estado nacional
moderno. Ele entrou em confronto direto com o papa Bonifácio VIII (1294-1303),
rejeitando qualquer intromissão de Roma nos assuntos internos da França,
especialmente nas áreas econômica e judicial.
· Século XIV. Ocorreu um acentuado declínio e
descrédito para a igreja quando o papa francês Clemente V (1305-14) transferiu
a Cúria para Avignon, no sul da França, dando início ao chamado “cativeiro
babilônico da igreja” (1309-1377). A situação agravou-se ainda mais durante o
Grande Cisma, em que por 40 anos houve papas rivais, um em Roma e outro em
Avignon (1378-1417), ouvindo-se em toda a Europa um clamor por “reformas na
cabeça e nos membros”.
· Século XVI. A França era a maior potência da
Europa, sendo governada por monarcas absolutistas. No início do seu reinado,
Francisco I (1515-1547) firmou com o papa Leão X a Concordata de Bolonha
(1516), que aumentou sensivelmente o poder da coroa sobre a igreja, concedendo
ao monarca o direito de indicar os bispos e outras autoridades eclesiásticas.
Foi nesse contexto que começaram a surgir na França às ideias revolucionárias
pregadas pelo monge alemão Martinho Lutero, que propunha uma radical reforma
teológica e institucional da Igreja com base nos princípios da centralidade das
Escrituras, da justificação do pecador pela graça de Deus, mediante a fé em
Jesus Cristo, e do sacerdócio universal de todos os fiéis.
Até 1520 Francisco I mostrou-se tolerante para com os
protestantes franceses. No entanto, a tolerância transformou-se em hostilidade
quando as circunstâncias políticas o levaram a precisar do apoio da hierarquia
francesa e do papa, que agora, em troca desse apoio, exigiam a supressão dos
protestantes. Como parte da aproximação com Roma, o rei promoveu o casamento do
seu filho Henrique com Catarina de Médici, uma sobrinha do papa Clemente VII. A
situação complicou-se ainda mais quando elementos protestantes radicais
apelaram para a violência e iconoclasmo (destruição das imagens).
A partir de 1533, a perseguição de Francisco I contra
os protestantes alternou-se entre prisões, torturas e execuções, e,
ocasionalmente, a moderação exigida pelas alianças com os príncipes luteranos
alemães na luta contra o imperador Carlos V. Muitos protestantes foram
protegidos da severidade do rei pela sua própria irmã, Marguerite d’Angoulême,
esposa do rei Henrique de Navarra, outra simpatizante das novas ideias.
O movimento de reforma na França precisou de auxílio
externo, e esse veio da igreja reformada de Genebra, sob a firme liderança do
mais ilustre dos protestantes franceses, o pastor e teólogo João Calvino
(1509-1564). Calvino tornou-se conhecido em 1536, quando publicou a primeira
edição da sua importante obra, As
Institutas da Religião Cristã. O prefácio é uma longa carta a Francisco I,
apelando em favor dos perseguidos. Com isso, repentinamente Calvino viu-se
transformado no grande líder, ideólogo e apologista do protestantismo francês.
A partir de Genebra muitos pastores foram treinados e
enviados à França. A igreja protestante sofreu muitos martírios, com crentes
sendo torturados de forma horrível e alguns tendo suas línguas cortadas para
não anunciarem sua fé. O episódio mais infame desse período foi a Noite de São
Bartolomeu (24/08/1572) que eliminou cerca de 20 mil huguenotes (protestantes).
Em 1598 foi proclamado o Edito de Nantes que concedia aos huguenotes liberdade
de culto, sendo eles 15% da população nessa época. No entanto, em 1685 Luís XIV
revogou esse Édito e provocou um êxodo de 300 mil huguenotes para a Europa e
Estados Unidos. A igreja protestante francesa ficou conhecida como “A igreja no
deserto”.
O protestantismo francês foi importante na luta pela
liberdade de culto e de consciência. Muitos protestantes apoiaram a Revolução
Francesa e se comprometeram que a religião jamais interferisse na vida civil
com violência. Hoje a França clama por salvação, pois o laicismo retirou a fé
do coração francês. Durante essa semana ore pela França e pelas igrejas que
ainda sobrevivem numa cultura secularizada e sem Deus.
É verdade. Quando vemos nações sofrendo de maneira inexplicável com tantos ataques como a França não conseguimos entender o porque e tanta violência. A resposta é simples: NEGAR A EXISTÊNCIA DO DEUS VIVO, JEOVÁ! Para uma compreensão detalhada sugiro a leitura do livro: O Grande Conflito de Ellen G, Whait, cap, 15.
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