NOSSO COMPROMISSO MISSIONÁRIO: SER SAL!
Ser igreja é
ser chamado para fora! Não há como ser igreja e permanecer enclausurado nas
quatro paredes pensando em si mesma e no seu conforto. Infelizmente essa é a
visão de muitos membros e líderes eclesiásticos. E em tempos pós-modernos o
compromisso missionário ficou reduzido às atividades ou eventos que essa igreja
faz para atrair pessoas para o seu rol. Há em nossos dias uma necessidade
diabólica de promover o nome da igreja e esquecer o Nome bendito de Jesus
Cristo.
Quando
olhamos para os evangelhos vemos que as palavras de Jesus quanto à
responsabilidade da igreja são claras. No Sermão do Monte o Senhor disse: “Vós
sois o sal da terra; mas se o sal perder suas qualidades, como restaurá-lo?
Para nada mais presta, senão para ser jogado fora e pisado pelos homens. Vós
sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada sobre um monte;
nem os que acendem uma candeia a colocam debaixo de um cesto, mas no velador, e
assim ilumina a todos que estão na casa” (Mateus 5:13-15).
O cristão não
é alguém que vive isolado. Ele está no mundo, embora não pertença a ele; se
relaciona no mundo, mas é totalmente diferente dele. Na Bíblia sempre
encontramos as duas coisas andando juntas. Se diz que o cristão não deve ser do
mundo nem nas ideias nem na perspectiva, mas isso não significa que ele deva se
apartar do mundo. Esse foi o maior erro do monasticismo que ensinava que viver
uma vida cristã significava, necessariamente, separar-se da sociedade e viver uma
vida contemplativa. Entretanto, isso nega a Escritura, principalmente esse
versículo que agora estamos estudando, onde o Senhor Jesus tira as conclusões
do que disse antes. O apóstolo Pedro faz a mesma observação na sua primeira
carta: “Mas vós sois geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de
propriedade exclusiva de Deus, para que anuncieis as grandezas daquele que vos
chamou das trevas para sua maravilhosa luz” (1Pedro 2:9).
Mas, qual a
implicação de ser o “sal da terra”? Implica claramente que a terra está
corrompida, com uma tendência de contaminação, de moléstia e fétida condição. É assim que a Bíblia descreve o mundo.
Esse é um mundo caído, pecaminoso e mal, onde a malignidade, as guerras e tudo
quanto de pior existe acontece. O mundo é como a carne que tem a tendência a se
decompor; é como algo que só pode ser conservado em bom estado com a ajuda de
algum antisséptico. Como consequência do pecado e da queda, a vida no mundo em
geral tende a decompor-se. Essa é, segundo a Bíblia, a única ideia adequada que
podemos ter da humanidade.
O mundo só
tende a apodrecer, pois está longe da vida. Há neles germens do mal, micróbios,
agentes infecciosos que atuam na humanidade de tal modo que, se não forem
controlados, causam enfermidades. E é justamente isso que estamos vendo
atualmente: violência, injustiça, corrupção, miséria, podridão moral, maldade,
insensibilidade, indiferença. Alguém aqui fica estarrecido? Pois bem, nenhum
cristão deveria ficar surpreendido com isso, pois a Bíblia acertadamente nos mostra
que neste mundo não há nada de bom.
Qual deve ser
a condição do cristão nesse mundo? Jesus disse: “Vós sois o sal da terra [...]”; ou seja, “Vós e somente vós”.
O que significa isso? Significa que somos diferentes do mundo. O sal é
essencialmente diferente daquilo sobre o qual ele é colocado. O sal acaba
exercendo todas as suas qualidades sendo diferente. Como nos diz o Senhor:
“[...] se o sal perder suas qualidades,
como restaurá-lo? Para nada mais presta, senão para ser jogado fora e pisado
pelos homens” (Mateus 5:13). Portanto, as características do sal mostram a
diferença, pois basta um pouco de sal para ser notado facilmente na massa. Se
não compreendermos corretamente essa ideia não veremos de forma clara o que
significa ser cristão. Ser cristão implica em ser diferente dos demais. É tão
diferente como o sal é da carne.
O cristão não
é apenas diferente; ele alegra-se nessa diferença. E é necessário que seja
assim, pois da mesma forma o Senhor Jesus Cristo foi no tempo em que viveu. O
cristão é uma classe distinta, única e notável de pessoa. Sua vida precisa
marcar um contraste que seja reconhecível e claro. A questão aqui é: Você é
notado por sua diferença ou igualdade? Cada um examine a si mesmo.
Olhando mais
profundamente o texto podemos perceber é que o Senhor aqui está salientando as
principais características do cristão numa sociedade negativa. Qual a função do
sal? Alguns diriam que é dar saúde e vida. Bem, essa ideia me parece
equivocada, pois a função do sal não é dar saúde, mas impedir a putrefação. A
função principal do sal é preservar e atuar como um antisséptico. Veja, por
exemplo, que quando colocamos o sal na carne ela preserva de agentes que possam
levar a carne a apodrecer. Desse modo, a função principal do sal é negativa e
não positiva. Esse postulado é fundamental. Portanto, o cristão não age no
mundo apenas positivamente. O primeiro efeito do cristão no mundo é ser um
agente que previna o processo concreto de putrefação e decomposição. Será que
nos vemos assim?
Outra função
auxiliar do sal é dar sabor, ou impedir que os alimentos sejam insípidos. Essa
é outra função bastante interessante de ser observada. Segundo essa afirmação,
a vida sem o cristianismo seria insípida, insossa e sem gosto. Não é isso que o
mundo acaba nos mostrando? Observe a obsessão pelos prazeres que existe no
mundo atual. As pessoas agem porque algo lhes dá prazer e não se os princípios
são certos. O que importa é o aqui e o agora, e não se o que fazemos é de fato
lícito, se convém. As pessoas cada vez mais são guiadas por seus instintos de
modo que, quando um prazer acaba, busca-se outro. Mas o cristão não necessita
de passatempos ou coisas para saber que a vida tem valor e vale a pena ser
vivida. Basta a fé em Cristo e o relacionamento pessoal com o Mestre. Tire o
cristianismo do mundo e verá o quanto insípido ficará a existência.
O sal se
manifesta quando os cristãos se santificam e deixam o Espírito de Deus agir.
Todas as vezes que a Igreja foi avivada houve santidade. Quando os cristãos
abandonam os princípios do mundo e deixam-se ser cheios do Espírito Santo,
coisas fantásticas ocorrem na sociedade. Por que nosso país parece estar pior a
cada dia que passa, mesmo com o autoproclamado avanço evangélico no Brasil?
Porque os evangélicos de hoje são na sua maioria cristãos de fachada, que só
gostam de cantar, dançar e se requebrar, mas não buscam a santificação que vem
da Palavra viva de Deus. Jesus disse: “Santifica-os
na verdade, a tua palavra é a verdade” (João 17:17). Ele não disse:
“Santifica-os na dança profética, no barulho, no êxtase e nos modismos
evangélicos”. É da Palavra de Deus que precisamos!
O problema da
nossa sociedade é que há poucos cristãos e que assim não são suficientes para
salgar. Sim, faltam cristãos genuínos, que sejam capazes de entrar e sair de
qualquer lugar e impressionar as pessoas com a beleza do Evangelho de Cristo ou
causar angústia sobre os pecadores. Nisso temos fracassado lamentavelmente.
Martyn Lloyd Jones (1899-1981) disse certa vez: “Um só homem verdadeiramente santo irradia esta influência; o grupo em
que ele se encontra sentirá sua presença” (JONES, Martyn Lloyd, p. 91).
Esse é o problema, falta sal que influencia e há sal insípido sendo pisado.
Estamos deixando de influenciar os outros porque falta santidade.
Então,
estamos salgando o mundo ou sendo jogados fora? Pare, leia, escute e mude!
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