terça-feira, 8 de março de 2016

NOSSO COMPROMISSO MISSIONÁRIO: SER SAL!

NOSSO COMPROMISSO MISSIONÁRIO: SER SAL!

Ser igreja é ser chamado para fora! Não há como ser igreja e permanecer enclausurado nas quatro paredes pensando em si mesma e no seu conforto. Infelizmente essa é a visão de muitos membros e líderes eclesiásticos. E em tempos pós-modernos o compromisso missionário ficou reduzido às atividades ou eventos que essa igreja faz para atrair pessoas para o seu rol. Há em nossos dias uma necessidade diabólica de promover o nome da igreja e esquecer o Nome bendito de Jesus Cristo.
Quando olhamos para os evangelhos vemos que as palavras de Jesus quanto à responsabilidade da igreja são claras. No Sermão do Monte o Senhor disse: “Vós sois o sal da terra; mas se o sal perder suas qualidades, como restaurá-lo? Para nada mais presta, senão para ser jogado fora e pisado pelos homens. Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada sobre um monte; nem os que acendem uma candeia a colocam debaixo de um cesto, mas no velador, e assim ilumina a todos que estão na casa” (Mateus 5:13-15).
O cristão não é alguém que vive isolado. Ele está no mundo, embora não pertença a ele; se relaciona no mundo, mas é totalmente diferente dele. Na Bíblia sempre encontramos as duas coisas andando juntas. Se diz que o cristão não deve ser do mundo nem nas ideias nem na perspectiva, mas isso não significa que ele deva se apartar do mundo. Esse foi o maior erro do monasticismo que ensinava que viver uma vida cristã significava, necessariamente, separar-se da sociedade e viver uma vida contemplativa. Entretanto, isso nega a Escritura, principalmente esse versículo que agora estamos estudando, onde o Senhor Jesus tira as conclusões do que disse antes. O apóstolo Pedro faz a mesma observação na sua primeira carta: “Mas vós sois geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, para que anuncieis as grandezas daquele que vos chamou das trevas para sua maravilhosa luz” (1Pedro 2:9).
Mas, qual a implicação de ser o “sal da terra”? Implica claramente que a terra está corrompida, com uma tendência de contaminação, de moléstia e fétida condição. É assim que a Bíblia descreve o mundo. Esse é um mundo caído, pecaminoso e mal, onde a malignidade, as guerras e tudo quanto de pior existe acontece. O mundo é como a carne que tem a tendência a se decompor; é como algo que só pode ser conservado em bom estado com a ajuda de algum antisséptico. Como consequência do pecado e da queda, a vida no mundo em geral tende a decompor-se. Essa é, segundo a Bíblia, a única ideia adequada que podemos ter da humanidade.
O mundo só tende a apodrecer, pois está longe da vida. Há neles germens do mal, micróbios, agentes infecciosos que atuam na humanidade de tal modo que, se não forem controlados, causam enfermidades. E é justamente isso que estamos vendo atualmente: violência, injustiça, corrupção, miséria, podridão moral, maldade, insensibilidade, indiferença. Alguém aqui fica estarrecido? Pois bem, nenhum cristão deveria ficar surpreendido com isso, pois a Bíblia acertadamente nos mostra que neste mundo não há nada de bom.
Qual deve ser a condição do cristão nesse mundo? Jesus disse: “Vós sois o sal da terra [...]”; ou seja, “Vós e somente vós”. O que significa isso? Significa que somos diferentes do mundo. O sal é essencialmente diferente daquilo sobre o qual ele é colocado. O sal acaba exercendo todas as suas qualidades sendo diferente. Como nos diz o Senhor: “[...] se o sal perder suas qualidades, como restaurá-lo? Para nada mais presta, senão para ser jogado fora e pisado pelos homens” (Mateus 5:13). Portanto, as características do sal mostram a diferença, pois basta um pouco de sal para ser notado facilmente na massa. Se não compreendermos corretamente essa ideia não veremos de forma clara o que significa ser cristão. Ser cristão implica em ser diferente dos demais. É tão diferente como o sal é da carne.
O cristão não é apenas diferente; ele alegra-se nessa diferença. E é necessário que seja assim, pois da mesma forma o Senhor Jesus Cristo foi no tempo em que viveu. O cristão é uma classe distinta, única e notável de pessoa. Sua vida precisa marcar um contraste que seja reconhecível e claro. A questão aqui é: Você é notado por sua diferença ou igualdade? Cada um examine a si mesmo.
Olhando mais profundamente o texto podemos perceber é que o Senhor aqui está salientando as principais características do cristão numa sociedade negativa. Qual a função do sal? Alguns diriam que é dar saúde e vida. Bem, essa ideia me parece equivocada, pois a função do sal não é dar saúde, mas impedir a putrefação. A função principal do sal é preservar e atuar como um antisséptico. Veja, por exemplo, que quando colocamos o sal na carne ela preserva de agentes que possam levar a carne a apodrecer. Desse modo, a função principal do sal é negativa e não positiva. Esse postulado é fundamental. Portanto, o cristão não age no mundo apenas positivamente. O primeiro efeito do cristão no mundo é ser um agente que previna o processo concreto de putrefação e decomposição. Será que nos vemos assim?
Outra função auxiliar do sal é dar sabor, ou impedir que os alimentos sejam insípidos. Essa é outra função bastante interessante de ser observada. Segundo essa afirmação, a vida sem o cristianismo seria insípida, insossa e sem gosto. Não é isso que o mundo acaba nos mostrando? Observe a obsessão pelos prazeres que existe no mundo atual. As pessoas agem porque algo lhes dá prazer e não se os princípios são certos. O que importa é o aqui e o agora, e não se o que fazemos é de fato lícito, se convém. As pessoas cada vez mais são guiadas por seus instintos de modo que, quando um prazer acaba, busca-se outro. Mas o cristão não necessita de passatempos ou coisas para saber que a vida tem valor e vale a pena ser vivida. Basta a fé em Cristo e o relacionamento pessoal com o Mestre. Tire o cristianismo do mundo e verá o quanto insípido ficará a existência.
O sal se manifesta quando os cristãos se santificam e deixam o Espírito de Deus agir. Todas as vezes que a Igreja foi avivada houve santidade. Quando os cristãos abandonam os princípios do mundo e deixam-se ser cheios do Espírito Santo, coisas fantásticas ocorrem na sociedade. Por que nosso país parece estar pior a cada dia que passa, mesmo com o autoproclamado avanço evangélico no Brasil? Porque os evangélicos de hoje são na sua maioria cristãos de fachada, que só gostam de cantar, dançar e se requebrar, mas não buscam a santificação que vem da Palavra viva de Deus. Jesus disse: “Santifica-os na verdade, a tua palavra é a verdade” (João 17:17). Ele não disse: “Santifica-os na dança profética, no barulho, no êxtase e nos modismos evangélicos”. É da Palavra de Deus que precisamos!
O problema da nossa sociedade é que há poucos cristãos e que assim não são suficientes para salgar. Sim, faltam cristãos genuínos, que sejam capazes de entrar e sair de qualquer lugar e impressionar as pessoas com a beleza do Evangelho de Cristo ou causar angústia sobre os pecadores. Nisso temos fracassado lamentavelmente. Martyn Lloyd Jones (1899-1981) disse certa vez: “Um só homem verdadeiramente santo irradia esta influência; o grupo em que ele se encontra sentirá sua presença” (JONES, Martyn Lloyd, p. 91). Esse é o problema, falta sal que influencia e há sal insípido sendo pisado. Estamos deixando de influenciar os outros porque falta santidade.
Então, estamos salgando o mundo ou sendo jogados fora? Pare, leia, escute e mude!

Fraternalmente em Cristo, Pr. Gilson Jr.

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