terça-feira, 5 de abril de 2016

LEVANTE-SE IGREJA DE CRISTO!



LEVANTE-SE IGREJA DE CRISTO!

Ser Igreja é mais que ser apenas um nome no rol de membros, mais que simplesmente frequentar um culto e dizer que é evangélico. Essa visão é medíocre e simplista, fruto de um pragmatismo paralisante e inconsequente. Todo verdadeiro cristão anda debaixo da orientação da Sagrada Escritura; e a Bíblia diz de forma clara e contundente: “[...] e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mateus 16:18). Ou seja, a Igreja não é simplesmente um prédio ou uma instituição, mas uma edificação planejada, executada e de propriedade exclusiva de Jesus Cristo. Além disso, essa Igreja de Cristo tem uma promessa: Ela é vitoriosa sob o poder de seu Senhor. Que mensagem linda e fantástica!
Além disso, Jesus Cristo é a Cabeça da Igreja (cf. Efésios 1:22; 4:15; 5:23; Colossenses 1:18; 2:19) e nós somos o Seu corpo (cf. Romanos 12:5; 1Coríntios 12:27; Efésios 1:23; 4:12; Colossenses 1:24; 2:9). Essa relação aponta para a submissão inteira dos crentes com Seu Senhor e Mestre. Ser parte da Igreja é estar debaixo da orientação e do comando de Jesus Cristo. Assim como os membros do corpo respondem aos comandos cerebrais, assim os crentes não vivem mais para si mesmos, mas para Aquele que comanda o todo.
Ora, apesar das constantes e importantes declarações da Bíblia, infelizmente muitos crentes a ignoram, achando que eles devem agir pelos seus conceitos e ideias. Esse pensamento, além de não ser bíblico, é incoerente e passa a ideia errada de que o cristão não tem a quem prestar contas. E nesses tempos líquidos, onde o ser humano declara em alto e bom som toda a sua arrogância e rebeldia em nome de uma autonomia, a Bíblia diz que já não somos de nós mesmos (cf. Romanos 14:7).
Dr. Martyn Lloyd-Jones (1899-1981), ao tratar do Corpo de Cristo disse o seguinte: “A maioria dos nossos problemas surge principalmente do fato de que persistentemente começamos com nós mesmos; somos demasiadamente subjetivos. Este é um dos maiores resultados do pecado. O pecado coloca o homem no centro. Ele me faz achar que só eu sou importante, e que aquilo que eu acho e aquilo que me acontece é o que realmente importa” (1994, p.42). E assim, quando pensamos em igreja, relacionamos com o nosso pensamento, com as nossas convicções e desejos. Esquecemos que a igreja não é nossa e o gosto pessoal pouco importa nessa questão. Ou como vai afirmar Lloyd-Jones mais à frente: “A igreja transcende os séculos. As habilidades naturais não desempenham nenhum papel nesta questão. Não importa o que você seja, ignorante ou deficiente em suas faculdades, grande ou pequeno, rico ou pobre. Todas estas coisas não passam de insignificâncias; este corpo é um só” (1994, p.47).
Por isso, é hora de todos nós, como membros do Corpo de Cristo, nos unirmos e fazermos a vontade de Deus agora, em obediência a Jesus Cristo, a Cabeça da Igreja. Não é hora de ficar olhando para os seres humanos ou para as preferências pessoais. Como crentes precisamos aprender que as coisas da Igreja funcionam a partir das perspectivas espirituais, através da Palavra de Deus, da oração e da ação do Espírito Santo em nós. Por isso Paulo, ao escrever aos coríntios, podia dizer: “Quem é Apolo? E quem é Paulo? São apenas servos por meio de quem crestes, conforme o Senhor concedeu a cada um. Eu plantei; Apolo regou; mas foi Deus quem deu o crescimento. De modo que, nem o que planta nem o que rega são alguma coisa, mas sim Deus, que dá o crescimento” (1Coríntios 3:5-7). Enquanto muitos ficam inquietos, olhando apenas para as coisas humanas, nós deveríamos olhar para o Deus que levanta Seus servos para fazer a obra; deveríamos parar de olhar para a capacidade humana e olhar para Aquele que dá o crescimento, pois na verdade nem Apolo, nem Paulo, nem Pedro, nem Gilson, nem Hugo, nem Nelson são alguma coisa, mas sim Deus.
Isso é ser igreja! É viver debaixo da orientação de Cristo e junto com outros irmãos obedecermos a vontade de Deus, brilhando nas trevas, salgando o mundo, sendo instrumento de salvação, restauração e mostrando a beleza e a relevância do Evangelho. Ser igreja é levar, viver e manifestar a mensagem da cruz de Cristo, onde homens e mulheres, adolescentes e jovens vivem como crucificados para a glória do Senhor ressurreto.
Por que falo isso? Porque hoje vivemos uma tragédia, onde as pessoas trocam de igreja como se troca uma camisa. As ações são baseadas em sentimentos e se coloca uma capa de aparente espiritualidade, mas que na verdade esconde desejos e manifestações carnais, onde o conforto e a novidade falam mais ao coração do que a convicção e a fé. A. W. Tozer escreveu um artigo intitulado “Vitória mediante derrota”, em que diz: “[...] se enxergo bem, a cruz do evangelismo popular não é a cruz do Novo Testamento. É, ao contrário, um novo e brilhante ornamento do seio de um cristianismo autoconfiante e carnal cujas mãos são, de fato, as mãos de Abel, mas cuja voz é de Caim. A antiga cruz matava os homens; a nova os entretém. A antiga cruz os condenava; a nova os diverte. A antiga cruz destruía a confiança na carne; a nova a estimula. A antiga cruz produzia lágrimas e sangue; a nova produz riso” (1987, p.39).
Portanto, fujamos desse cristianismo de aparências e nos comprometamos com o Senhor glorioso que morreu e ressuscitou para formar para Si mesmo um “[...] povo de propriedade exclusiva de Deus, para que anuncieis as grandezas daquele que vos chamou das trevas para sua maravilhosa luz” (1Pedro 2:9). O mundo está diante de nós e temos uma única missão: Anunciar as grandezas daquele que nos salvou! Sim, os campos estão brancos para a ceifa e como cristãos, membros da Igreja de Cristo somos chamados a viver o Evangelho na sua plenitude. Saiamos da mornidão, da vida cristã fraca e sem substância; tão somente obedeçamos à voz do Senhor e ouçamos o clamor de Gideão: “[...] Levantai-vos, porque o SENHOR entregou o acampamento dos midianitas nas vossas mãos” (Juízes 7:15).

Fraternalmente em Cristo, Pr. Gilson Jr.

terça-feira, 8 de março de 2016

NOSSO COMPROMISSO MISSIONÁRIO: SER SAL!

NOSSO COMPROMISSO MISSIONÁRIO: SER SAL!

Ser igreja é ser chamado para fora! Não há como ser igreja e permanecer enclausurado nas quatro paredes pensando em si mesma e no seu conforto. Infelizmente essa é a visão de muitos membros e líderes eclesiásticos. E em tempos pós-modernos o compromisso missionário ficou reduzido às atividades ou eventos que essa igreja faz para atrair pessoas para o seu rol. Há em nossos dias uma necessidade diabólica de promover o nome da igreja e esquecer o Nome bendito de Jesus Cristo.
Quando olhamos para os evangelhos vemos que as palavras de Jesus quanto à responsabilidade da igreja são claras. No Sermão do Monte o Senhor disse: “Vós sois o sal da terra; mas se o sal perder suas qualidades, como restaurá-lo? Para nada mais presta, senão para ser jogado fora e pisado pelos homens. Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada sobre um monte; nem os que acendem uma candeia a colocam debaixo de um cesto, mas no velador, e assim ilumina a todos que estão na casa” (Mateus 5:13-15).
O cristão não é alguém que vive isolado. Ele está no mundo, embora não pertença a ele; se relaciona no mundo, mas é totalmente diferente dele. Na Bíblia sempre encontramos as duas coisas andando juntas. Se diz que o cristão não deve ser do mundo nem nas ideias nem na perspectiva, mas isso não significa que ele deva se apartar do mundo. Esse foi o maior erro do monasticismo que ensinava que viver uma vida cristã significava, necessariamente, separar-se da sociedade e viver uma vida contemplativa. Entretanto, isso nega a Escritura, principalmente esse versículo que agora estamos estudando, onde o Senhor Jesus tira as conclusões do que disse antes. O apóstolo Pedro faz a mesma observação na sua primeira carta: “Mas vós sois geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, para que anuncieis as grandezas daquele que vos chamou das trevas para sua maravilhosa luz” (1Pedro 2:9).
Mas, qual a implicação de ser o “sal da terra”? Implica claramente que a terra está corrompida, com uma tendência de contaminação, de moléstia e fétida condição. É assim que a Bíblia descreve o mundo. Esse é um mundo caído, pecaminoso e mal, onde a malignidade, as guerras e tudo quanto de pior existe acontece. O mundo é como a carne que tem a tendência a se decompor; é como algo que só pode ser conservado em bom estado com a ajuda de algum antisséptico. Como consequência do pecado e da queda, a vida no mundo em geral tende a decompor-se. Essa é, segundo a Bíblia, a única ideia adequada que podemos ter da humanidade.
O mundo só tende a apodrecer, pois está longe da vida. Há neles germens do mal, micróbios, agentes infecciosos que atuam na humanidade de tal modo que, se não forem controlados, causam enfermidades. E é justamente isso que estamos vendo atualmente: violência, injustiça, corrupção, miséria, podridão moral, maldade, insensibilidade, indiferença. Alguém aqui fica estarrecido? Pois bem, nenhum cristão deveria ficar surpreendido com isso, pois a Bíblia acertadamente nos mostra que neste mundo não há nada de bom.
Qual deve ser a condição do cristão nesse mundo? Jesus disse: “Vós sois o sal da terra [...]”; ou seja, “Vós e somente vós”. O que significa isso? Significa que somos diferentes do mundo. O sal é essencialmente diferente daquilo sobre o qual ele é colocado. O sal acaba exercendo todas as suas qualidades sendo diferente. Como nos diz o Senhor: “[...] se o sal perder suas qualidades, como restaurá-lo? Para nada mais presta, senão para ser jogado fora e pisado pelos homens” (Mateus 5:13). Portanto, as características do sal mostram a diferença, pois basta um pouco de sal para ser notado facilmente na massa. Se não compreendermos corretamente essa ideia não veremos de forma clara o que significa ser cristão. Ser cristão implica em ser diferente dos demais. É tão diferente como o sal é da carne.
O cristão não é apenas diferente; ele alegra-se nessa diferença. E é necessário que seja assim, pois da mesma forma o Senhor Jesus Cristo foi no tempo em que viveu. O cristão é uma classe distinta, única e notável de pessoa. Sua vida precisa marcar um contraste que seja reconhecível e claro. A questão aqui é: Você é notado por sua diferença ou igualdade? Cada um examine a si mesmo.
Olhando mais profundamente o texto podemos perceber é que o Senhor aqui está salientando as principais características do cristão numa sociedade negativa. Qual a função do sal? Alguns diriam que é dar saúde e vida. Bem, essa ideia me parece equivocada, pois a função do sal não é dar saúde, mas impedir a putrefação. A função principal do sal é preservar e atuar como um antisséptico. Veja, por exemplo, que quando colocamos o sal na carne ela preserva de agentes que possam levar a carne a apodrecer. Desse modo, a função principal do sal é negativa e não positiva. Esse postulado é fundamental. Portanto, o cristão não age no mundo apenas positivamente. O primeiro efeito do cristão no mundo é ser um agente que previna o processo concreto de putrefação e decomposição. Será que nos vemos assim?
Outra função auxiliar do sal é dar sabor, ou impedir que os alimentos sejam insípidos. Essa é outra função bastante interessante de ser observada. Segundo essa afirmação, a vida sem o cristianismo seria insípida, insossa e sem gosto. Não é isso que o mundo acaba nos mostrando? Observe a obsessão pelos prazeres que existe no mundo atual. As pessoas agem porque algo lhes dá prazer e não se os princípios são certos. O que importa é o aqui e o agora, e não se o que fazemos é de fato lícito, se convém. As pessoas cada vez mais são guiadas por seus instintos de modo que, quando um prazer acaba, busca-se outro. Mas o cristão não necessita de passatempos ou coisas para saber que a vida tem valor e vale a pena ser vivida. Basta a fé em Cristo e o relacionamento pessoal com o Mestre. Tire o cristianismo do mundo e verá o quanto insípido ficará a existência.
O sal se manifesta quando os cristãos se santificam e deixam o Espírito de Deus agir. Todas as vezes que a Igreja foi avivada houve santidade. Quando os cristãos abandonam os princípios do mundo e deixam-se ser cheios do Espírito Santo, coisas fantásticas ocorrem na sociedade. Por que nosso país parece estar pior a cada dia que passa, mesmo com o autoproclamado avanço evangélico no Brasil? Porque os evangélicos de hoje são na sua maioria cristãos de fachada, que só gostam de cantar, dançar e se requebrar, mas não buscam a santificação que vem da Palavra viva de Deus. Jesus disse: “Santifica-os na verdade, a tua palavra é a verdade” (João 17:17). Ele não disse: “Santifica-os na dança profética, no barulho, no êxtase e nos modismos evangélicos”. É da Palavra de Deus que precisamos!
O problema da nossa sociedade é que há poucos cristãos e que assim não são suficientes para salgar. Sim, faltam cristãos genuínos, que sejam capazes de entrar e sair de qualquer lugar e impressionar as pessoas com a beleza do Evangelho de Cristo ou causar angústia sobre os pecadores. Nisso temos fracassado lamentavelmente. Martyn Lloyd Jones (1899-1981) disse certa vez: “Um só homem verdadeiramente santo irradia esta influência; o grupo em que ele se encontra sentirá sua presença” (JONES, Martyn Lloyd, p. 91). Esse é o problema, falta sal que influencia e há sal insípido sendo pisado. Estamos deixando de influenciar os outros porque falta santidade.
Então, estamos salgando o mundo ou sendo jogados fora? Pare, leia, escute e mude!

Fraternalmente em Cristo, Pr. Gilson Jr.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

SER IGREJA

SER IGREJA

Fazer parte da igreja de Jesus Cristo é um privilégio abençoado, mas atualmente negligenciado por muitos crentes. Infelizmente vivemos uma época em que as igrejas sofrem com uma rotatividade terrível e danosa. Por quê? Porque esse é o espírito dessa época, o que Zygmunt Bauman (1925-), sociólogo polonês chama de “modernidade líquida”. Esse autor chega a dizer: “Os laços inter-humanos, que antes teciam uma rede de segurança digna de um amplo e contínuo investimento de tempo e esforço, e valiam o sacrifício de interesses individuais imediatos [...] se tornam cada vez mais frágeis e reconhecidamente temporários” (2007, p.8,9).
O grande problema é que as pessoas não sabem mais o que são nem na sociedade nem na família e muito menos na igreja. Hoje em dia ser parte da igreja tornou-se sinônimo de “frequentador”, “amigo do evangelho”, “espectador” ou qualquer outra coisa. As pessoas não querem mais saber sobre o que é certo ou errado, o que é heresia ou doutrina ortodoxa, quem de fato fala a verdade de Cristo e quem apenas usa o Nome como meio de “ganhar a vida e ascender socialmente”. A verdade é dura, mas é isso mesmo. Negligência, superficialidade, modismo e uma espiritualidade sólida como “prego na areia”.
O pior é quando os crentes querem espiritualizar suas “andanças”, quando falam que “sentiram de Deus” que deveriam mudar de igreja. Sabe o que mais causa estranhamento? Eu nunca sinto isso, apesar das dificuldades da igreja. Aliás, a igreja tem um formato único no mundo, pois ela é uma instituição divina e humana ao mesmo tempo. Divina porque nasceu no coração de Deus e visa ser a nova sociedade restaurada em Cristo, mas humana, miseravelmente humana com seus pecados e atropelos. No entanto, eu amo a igreja e vejo que vale a pena dedicar-se para o fortalecimento dela por um simples fato: “[...] Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela” (Efésios 5:25). Ora, se meu Senhor fez isso, por que eu não posso seguir Seu exemplo?
Alguns me dirão: “Mas não importa a denominação, pois posso servir a Cristo em qualquer lugar”. Bem, essa é uma falácia perigosa, pois servir a Cristo implica em levar Seu compromisso com Cristo até o fim. Quem vai derrubar as barreiras denominacionais não seremos nós, mas o Dono da Igreja: “Tenho ainda outras ovelhas que não são deste aprisco. É necessário que eu também as conduza. Elas ouvirão a minha voz; e haverá um rebanho e um pastor” (João 10:16). Quem separará o trigo do joio é o mesmo Senhor do Universo e da seara (Mateus 13:29,30). As denominações existem por causa da nossa humanidade; no entanto, existem na maioria delas uma conexão com os princípios fundamentais da fé: Somente a Escritura, Somente a fé em Cristo, Somente a graça de Cristo, Somente Cristo, Somente a glória de Deus.
E nesse aspecto a denominação importa sim. Como alguém pode ser membro de uma igreja em que seu líder se autointitula “apóstolo”? Como fazer parte de uma comunidade onde a Bíblia não é a base de regra de fé e conduta, mas é apenas manipulada para favorecer posições e interpretações esdrúxulas? Como fazer parte de uma igreja onde Cristo e sua obra na cruz não são suficientes, mas onde as pessoas usam artifícios de uma “psicologia barata” para “quebrar maldições hereditárias”? Como fazer parte de uma igreja onde é proclamado “glória a Deus”, mas na verdade tudo gira em torno da glória humana?
Ser igreja é mais que frequentar um templo, ouvir a mensagem, dar o dízimo e ir embora com “a bênção”. Ser igreja tem a ver com três compromissos fundamentais. O primeiro é o compromisso com Jesus Cristo, o Cabeça da Igreja. Se não compreendermos quem é Jesus e Sua obra na cruz então ser da igreja será apenas uma questão numérica. O Senhor não deseja que façamos número, mas que tenhamos com Ele uma comunhão profunda e piedosa, onde buscamos a cada dia conhecê-lO mais até “[...] que Cristo habite pela fé em vosso coração, a fim de que, arraigados e fundamentados em amor” (Efésios 3:17).
O segundo compromisso é com a doutrina de Cristo. Não basta apenas crer; é necessário saber o que se crê. Alguns creem, mas estão sinceramente enganados. Não basta ter a Bíblia, é necessário conhecê-la e desfrutar de cada ensinamento que ela nos traz. Não tenho receio de dizer que a grande maioria dos crentes hoje em dia são verdadeiros “analfabetos bíblicos e doutrinários”. Paulo orientou o jovem pastor Timóteo: “Tem cuidado de ti mesmo e do teu ensino; persevera nessas coisas. Dessa forma, salvarás tanto a ti mesmo como os que te ouvem” (1Timóteo 4:16).
E o terceiro compromisso é com a comunidade de fé. Essa comunidade é feita de pessoas, algumas fáceis e outras difíceis, algumas simples e simpáticas, outros já soberbos e metidos. Se alguém duvida que tenhamos todos os tipos de pessoas na igreja basta ver a composição dos discípulos que Jesus chamou. A igreja não é feita de pessoas perfeitas, mas de pessoas que foram alcançadas pela graça de Cristo e que necessitam de relacionamentos saudáveis e firmes para crescer. O compromisso com meu irmão em Cristo implica em amar, perdoar, ter paciência, submeter-se, suportar, agir com mansidão, admoestar, exortar, enfim, ser igreja implica numa integração que tem um custo.
Portanto, sigamos a orientação do autor de Hebreus: “Pensemos em como nos estimular uns aos outros ao amor e às boas obras, não abandonemos a prática de nos reunir, como é costume de alguns, mas, pelo contrário, animemo-nos uns aos outros, quanto mais vedes que o Dia se aproxima” (Hebreus 10:24,25). Seja firme e permaneça na Igreja onde Deus lhe colocou, buscando amar a Cristo, Sua doutrina e os irmãos.

Fraternalmente em Cristo, Pr. Gilson Jr.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

ANO NOVO... NOVO TEMPO PARA A IGREJA

ANO NOVO... NOVO TEMPO PARA A IGREJA

Sempre que um novo ano chega são renovadas as esperanças e as perspectivas em todas as dimensões da existência. Depois de um ano difícil temos agora um ano com muitas perspectivas de mudanças em nossa igreja. Muitos membros estão com dúvidas sobre esse momento e por isso creio que será de grande importância trazer algumas orientações.
Primeiramente, vale a pena salientar que numa igreja Batista a Assembleia é soberana. Nosso estatuto diz claramente:
Artigo 3º. – A Igreja é soberana em suas decisões, não se subordinando a qualquer congênere ou entidade religiosa, respeitando as leis do país e reconhecendo a Jesus Cristo como seu Senhor e Suprema Autoridade.
§ - Adota a Bíblia Sagrada como sua única regra de fé e prática, aceitando a interpretação contida na Declaração Doutrinaria da Convenção Batista Brasileira.
Portanto, fica claro que iremos seguir os ditames bíblicos, deixando a decisão para a Assembleia dos membros da Igreja na escolha do seu novo pastor. Ainda segundo o Artigo 34 de nosso Estatuto, será a Assembleia Geral quem decidirá o novo pastor; sendo assim não será algo imposto sem que os membros sejam ouvidos. A Comissão de Sucessão Pastoral entrará em contato com os membros antes que seja levado algo à assembleia.
E qual a função da Comissão de Sucessão Pastoral?  Essa comissão tem como objetivo: a) Mobilizar a igreja para a oração em favor da escolha do novo pastor; b) Recolher indicações de nomes da forma mais democrática possível; c) Sugerir um perfil do pastor a ser escolhido. Este perfil pode ser apresentado à igreja para votação; d) Escolher um único nome que será levado à assembleia geral da igreja; e) Se o nome indicado pela comissão for aceito pela igreja, o pastor será convidado a passar alguns dias pregando e convivendo com a igreja. Então haverá uma assembleia extraordinária para decidir se o pastor será ou não convidado. Se o for e aceitar, o trabalho da comissão estará encerrado. Se o nome indicado não for convidado ou se não aceitar o convite, a comissão retoma os trabalhos para indicar um novo nome dentre os nomes já sugeridos pelos membros da igreja, podendo abrir espaço para receber novas indicações. É importante salientar que todo o processo é espiritual, aberto, democrático e visa alcançar o bem-estar da igreja. O pastor está como consultor da Comissão, indicando nomes e orando com os irmãos.
Por isso precisamos orar e nos envolver nesse processo como igreja de Cristo. Agora não é hora de ficar preocupado ou desanimado, mas é tempo de oração, pois o SENHOR prometeu: “e vos darei pastores segundo o meu coração, que vos guiarão com conhecimento e discernimento” (Jeremias 3:15). Como o Senhor nos dará um pastor segundo seu coração se não orarmos? A oração é fundamental para que ouçamos a voz do Senhor e tenhamos um novo pastor segundo o coração de Deus.
No entanto, também é importante destacar alguns aspectos importantes desse processo. Nesses últimos quinze anos à frente do rebanho eu trabalhei muito com o ensino e ministração da Palavra de Deus. Foram anos de grande investimento espiritual e fortalecimento doutrinário e expansão da visão de uma igreja mais voltada para uma comunidade que exerce diferença no mundo. Creio que agora é um tempo de mais pastoreio e tenho orado pela igreja para que esse tempo de expectativa e ansiedade natural seja guiada pelo Espírito Santo com amor.
A Palavra de Deus deixa claro que “[...] ele designou uns como apóstolos, outros como profetas, outros como evangelistas, e ainda outros como pastores e mestres, tendo em vista o aperfeiçoamento dos santos para a obra do ministério e para a edificação do corpo de Cristo” (Efésios 4:11,12). O ministério pastoral faz parte de um dom espiritual e por isso devemos orar ainda mais para que Deus – Aquele que mais se preocupa com Sua Igreja – dirija-nos nesse momento.
Enquanto isso, permaneceremos com os irmãos até a nossa ida ao campo missionário, com a mesma motivação e amor pela Igreja do Senhor que se reúne nesse lugar. Espero contar com o envolvimento e engajamento de todos os membros da Igreja Batista do Estoril, olhando essa comunidade como pertencente ao Senhor Jesus, a quem devemos honrar e glorificar. Certamente o Senhor Jesus, o Supremo Pastor da Igreja (cf. 1Pedro 5:4) nos guiará vitoriosamente nesse ano.

Feliz Ano Novo, para a glória de Deus!
Fraternalmente em Cristo, Pr. Gilson Jr.

segunda-feira, 30 de novembro de 2015

ENTRE A MÃO PESADA DE DEUS E A ESPERANÇA

ENTRE A MÃO PESADA DE DEUS E A ESPERANÇA

O ano de 2015 começou com todas as dúvidas e incertezas que já eram previstas no final do ano passado, principalmente depois das eleições mais polarizadas que tivemos em nosso país. E assim, durante todo o ano vimos à degradação moral, ética, política, econômica e social em nosso querido Brasil; todos foram afetados, direta ou indiretamente pela crise criada nos anos anteriores e chegamos ao fim do ano sem muitas expectativas positivas para os anos que virão. O que fazer quando as notícias não são boas e temos diante de nós expectativas obscuras?
Olhando as Escrituras vejo em nosso país a mão pesada de Deus contra a nação e contra Seu povo também. O pecado da nação não está apenas na corrupção em Brasília, nos “petrolões” que nos assustam e nos indignam todos os dias na operação Lava-jato. O pecado da nação também pode ser visto nos templos e no meio daqueles que se proclamam evangélicos, mas não vivem segundo o Evangelho de Jesus Cristo. O pecado da nação não está apenas na estrutura viciada dos partidos políticos e do sistema corrompido que envolve o poder; o pecado da nação está na falta de coerência daqueles que se chamam “cristãos” e vivem como ateus práticos durante a semana. Sim, o pecado da nação começa entre aqueles que, ao invés de cuidarem do rebanho de Deus e pregar com verdade a Palavra bendita, arrogam para si títulos e dominam seus “impérios”, criando “ministérios” que na verdade apenas proclamam seus nomes e não o Nome bendito de Cristo. O pecado da nação está entre os falsos-apóstolos, entre os bispos e pastores que pregam o consumismo e geram crentes medíocres, shows ao invés de culto, tietes ao invés de adoradores, orgulhosos ao invés de servos.
Sim, a mão de Deus pesa sobre a nação e sobre a igreja também! Olhando o livro de Oséias tive a sensação de que passamos exatamente algo semelhante. Deus fala: “Israelitas, ouvi a palavra do SENHOR; pois o SENHOR tem uma acusação contra os habitantes da terra; porque não há verdade, nem bondade, nem conhecimento de Deus na terra. Só prevalecem maldição, mentira, assassinato, furto e adultério; há violências e homicídios sobre homicídios. Por isso a terra se lamenta, e todos os seus habitantes desfalecem, juntamente com os animais do campo e com as aves do céu, e até os peixes do mar morrem” (Oséias 4:1-3). Essa é uma visão geral do problema da nação e a descrição cabe bem à nossa situação. No entanto, o problema maior da nação de Israel não era a corrupção generalizada, a falta de conhecimento de Deus, a violência, os problemas ecológicos derivados da seca e de desastres. Tudo isso era consequência de algo mais profundo.
Deus diz: “Entretanto, que ninguém venha a contender e que ninguém repreenda; pois a minha contenda é contigo, ó sacerdote. Por isso tropeçarás de dia, e o profeta tropeçará contigo de noite; e eu destruirei a tua mãe. O meu povo está sendo destruído porque lhe falta conhecimento. Porque rejeitaste o conhecimento, eu te rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de mim; visto que te esqueceste da lei do teu Deus, eu me esquecerei de teus filhos” (4:4-6). O povo era culpado de seus erros e pecados, mas tudo que acontecia na época do profeta era consequência de uma liderança espiritual desleixada e preocupada consigo mesma. Deus acusa o sacerdote e o profeta pela falta de conhecimento de Deus entre o povo. Se lermos o restante do capítulo vamos ver Deus os acusando de se alimentarem dos pecados do povo (4:7,8), de observarem a prostituição e a idolatria da nação e cooperarem para a degeneração (4:9-19). O fato de os evangélicos representarem 25% da população não significa nada, pois os mesmos pecados que acusamos são frequentes na “cultura gospel e evangélica” de nosso país. O evangelicalismo brasileiro é sincrético, místico, capitalista e medíocre, baseado no que há de pior da religião, nutrindo uma cultura de ignorância e distanciamento bíblico.
Há esperança? Sim, há esperança. O mesmo Oséias que prega de forma vívida por meio de um relacionamento estremecido por causa de um adultério, numa clara alusão do adultério espiritual de Israel em relação a Deus, nos traz esperança. Em todo o livro, ao mesmo tempo em que o profeta clama contra os pecados da nação, seus olhos estão na redenção futura: “Depois os israelitas voltarão e buscarão o SENHOR, seu Deus, e Davi, seu rei; e, nos últimos dias, tremendo, eles se aproximarão do SENHOR e da sua bondade” (3:5); “Vinde e voltemos para o SENHOR, porque ele nos despedaçou, mas haverá de nos curar; ele nos feriu, mas cuidará das feridas. Depois de dois dias, ele nos revivificará; no terceiro dia nos levantará, e viveremos diante dele. Conheçamos e prossigamos em conhecer o SENHOR; como o sol nascente, a sua vinda é certa; ele virá a nós como a chuva, como a primeira chuva que rega a terra” (6:1-3).
Chegamos ao fim de ano e certamente não foi um ano fácil. Escândalos, pecados, problemas e situações que podem muitas vezes tirar a nossa esperança. No entanto, se somos de fato o povo de Deus devemos olhar além de nós mesmos e ver o que Ele deseja com tudo isso. Somos chamados a viver segundo a Palavra de Deus, chamados a viver segundo Seus princípios no meio de um mundo corrompido e em trevas. Isso não significa uma vida fácil nem tranquila, mas temos a esperança que não pode ser destruída por nenhum tipo de crise ou circunstância adversa. Como nos diz o profeta no final de seu livro: “Quem é sábio para entender essas coisas? E prudente, para compreendê-las? Pois os caminhos do SENHOR são retos e os justos andarão por eles; mas os transgressores neles cairão” (14:9). Quem é sábio e prudente? Aquele que teme ao Senhor, que faz Dele sua força e segurança. E apesar de todas as adversidades, os santos do Senhor caminham seguros, pois os caminhos de Deus são retos. Portanto, vivamos a cada dia mais dependendo do Senhor, refletindo Sua glória e o Evangelho gracioso, pois mesmo que a situação piore e a mão de Deus continue pesando no ano que entra, Ele mesmo cuidará dos Seus.

Fraternalmente em Cristo, Pr. Gilson Jr.

A FÉ NÃO É BURRA!

A FÉ NÃO É BURRA!

Cada dia que se passa vemos que a igreja brasileira está mais doente, principalmente com a parafernália criada para atrair pessoas em nome de Cristo. A verdade é que a grande maioria das igrejas evangélicas está mais preocupada em criar meios e formas para “crescer a qualquer custo”, buscando táticas empresariais, métodos humanos e visando muitas vezes o lucro e a sustentação de uma hierarquia eclesiástica. Por exemplo, a Igreja Universal (IURD) que se autodenomina uma igreja evangélica, está promovendo a oração pelos mortos, uma doutrina católica, totalmente equivocada e sem base escriturística. Há grupos que falam de “ativação da unção do Espírito Santo”, como se o Espírito fosse um chip de celular. Haja paciência!
O apóstolo Paulo, esse sim inspirado pelo Espírito Santo, disse: “Mas rejeita as fábulas profanas e insensatas. Exercita-te na piedade” (1Timóteo 4:7). Depois ele adverte ao jovem Timóteo: “Porque chegará o tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, desejando muito ouvir coisas agradáveis, ajuntarão para si mestres segundo seus próprios desejos; e não só desviarão os ouvidos da verdade, mas se voltarão para as fábulas” (2Timóteo 4:3,4). Ao pastor Tito o apóstolo disse: “[...] Portanto, repreende-os severamente, para que tenham uma fé sadia, não dando ouvidos a fábulas judaicas, nem a mandamentos de homens que se desviam da verdade” (Tito 1:13,14). E o apóstolo Pedro coloca de forma clara a quem devemos seguir: “Porque não seguimos fábulas engenhosas quando vos fizemos conhecer o poder e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, pois fomos testemunhas oculares da sua majestade” (2Pedro 1:16).
Ou seja, a Bíblia coloca de forma clara que a fé verdadeira não é burra, nem tola, mas é fruto de um relacionamento verdadeiro com Cristo e fundamentado na Escritura Sagrada. O problema é que a maioria daqueles que se dizem cristãos hoje em dia querem uma religião pirotécnica, com sinais e prodígios, com símbolos e mandingas para favorecer uma ideia totalmente mística. John Stott (1921-2011) disse certa vez: “É surpreendente o número de pessoas que supõe que a fé e a razão são incompatíveis. Mas estas jamais foram postas em oposição uma à outra nas Escrituras. Fé e visão são contrastadas (2Co 5.7), mas não fé e razão. Pois fé, de acordo com as Escrituras, não é nem credulidade, nem superstição, nem ‘uma crença ilógica na ocorrência do improvável’, mas uma confiança calma e refletida em Deus que, conforme se sabe, é confiável” (STOTT, 1992, p. 116).
E aqui temos o calcanhar de Aquiles dos evangélicos brasileiros. Fé tornou-se sinônimo de superstição, algo fantasioso, que precisa ser sentido e definido pelo poder dos “superapóstolos”, dos “ungidos de plantão”. Infelizmente a fé evangélica tupiniquim tornou-se a verborragia religiosa com ares de um espiritualismo doentio, que leva milhares de pessoas a buscarem nas “campanhas” e nos “votos” as respostas de seus anseios pessoais. A fé evangélica atual é permeada por interesses econômicos, onde somente uma “casta superior”, de forma quase gnóstica, se relaciona com um deus manipulável. A verdade é que isso não é Evangelho de Jesus Cristo.
Precisamos compreender que a essência do Evangelho. Paulo vai afirmar: “Examinai a vós mesmos, para ver se estais na fé. Provai a vós mesmos. Ou não reconheceis que Jesus Cristo está em vós? A não ser que já estejais reprovados” (2Coríntios 13:5). Por que Paulo solicita um exame cuidadoso dos crentes de Corinto? Porque alguns não estavam em Cristo, apesar de estarem na igreja. O verdadeiro Evangelho glorifica a Jesus Cristo e exalta Seu senhorio e soberania. Como bem disse John MacArthur: “Os cristãos contemporâneos têm sido condicionados a crer que, por terem repetido uma oração, assinado um cartão de decisão, ido à frente, falado em línguas, sido arrebatados em espírito, tido algum tipo de experiência, estão salvos e jamais deveriam questionar a sua salvação” (2008, p. 27).
Sim queridos, a fé não é burra, inconstante e nem fantasiosa. Ela não é motivada pelo marketing de cantores e pregadores, muito menos direcionado por visões ou manifestações aparentemente espirituais. A fé é fruto de um relacionamento pessoa com Jesus Cristo, que nasce da total submissão ao senhorio de Cristo e vive com uma única preocupação: a glória de Deus. A fé é bíblica, fundamentada nas Escrituras e desenvolvida na doutrina; a fé é sóbria, justa e piedosa (1Timóteo 4:5; Tito 2:12,13), que não se preocupa com os ideais de “sucesso humano”, mas com a fidelidade a Deus.
Portanto, meus amados irmãos, fujamos da falsidade, da “fé manipulável”, da “fé gospel”, da “fé comercial” e burra, que leva milhares para longe de Deus. Voltemos nossos olhos à cruz de Cristo, à Sua pessoa bendita, à Palavra de Deus e ao firme fundamento da doutrina cristã.

Abraços fraternos, Pr. Gilson Jr.

MACARTHUR, John. O evangelho segundo Jesus. São José dos Campos: Editora Fiel, 2008.
_____. Com vergonha do evangelho – Quando a igreja se torna como o mundo. São José dos Campos: Editora Fiel, 2010.
STOTT, John. The contemporany chrstian. Leicester and Downers Grove, 1992.

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

A NOVIDADE ANTIGA

A NOVIDADE ANTIGA.

É triste ver a condição do cristianismo atual, pois em sua grande maioria os chamados crentes estão à busca de novidades. Essa, aliás, é a tendência do ser humano, como nos diz Lucas ao relatar a atitude dos atenienses e estrangeiros: “Todos os atenienses, como também os estrangeiros que ali residiam, não tinham outro interesse a não ser contar ou ouvir a última novidade” (Atos 17:21). Que incrível! Literalmente Lucas diz que eles não tinham outro interesse senão falar e ouvir “[...] algo mais novo do que qualquer outra coisa que eles já tivessem ouvido”.
Como disse o inesquecível Sérgio Pimenta (1983): “Toda novidade que vem do vento/ ao peso da força na rotina cai/ na monotonia do pensamento/ que em busca de outra novidade sai”. Sim, o povo evangélico está à busca de contar e ouvir a próxima novidade, não importa se é uma heresia ou não. Vivemos um momento em que as pessoas querem sensações que as façam extrapolar, coisas impressionantes e que empolgam a mente humana. A grande questão é: Será que isso é válido? Até que ponto o evangelicalismo atual não caminha para uma grande desilusão espiritual?
Nesses últimos dias, lendo o profeta Jeremias, percebi que vivemos dias não muito diferentes daqueles vivido pelo profeta. No livro de Lamentações ele deixa claro uma das razões que causou a destruição de Jerusalém e o exílio de Judá: “Os teus profetas te anunciaram visões falsas e insensatas e não denunciaram o teu pecado para evitar o teu cativeiro; mas anunciaram profecias inúteis e palavras que te levaram ao exílio” (Lamentações 2:14). Exatamente isso que vemos hoje em dia, visões falsas e insensatas, ilusões, profecias inúteis que apenas massageiam o ego dos supostos adoradores de Deus. Por que “supostos adoradores”? Porque tudo é feito em nome de Deus, mas na verdade nada é feito para a glória Dele. Nesse caso, Deus não tem nada a ver com as ações humanas, pois como Ele mesmo disse: “Eu sou o SENHOR; este é o meu nome. Não darei a minha glória a outro [...]” (Isaías 42:8).
A expressão religiosa é algo natural do ser humano, mas na grande maioria das vezes não passa de uma cortina de fumaça, uma ilusão que a mente cria a um suposto “deus” criado em nossa mente finita e na qual pensamos controlar. A cultura evangélica brasileira, infelizmente, está à busca de novidades, não importam quais e nem de onde venham. Os templos lotados, os shows e as luzes no palco, os testemunhos de “pessoas ungidas”, tudo hoje gira em torno da pretensa propagação do Evangelho, quando na verdade a glória é humana. A verdade, no entanto, é mais dura e por isso pouco propagada: nunca vi um cristão fiel e verdadeiro ser forjado em encontros de show evangélico ou ambientes parecidos.
O cristão verdadeiro é forjado pela Palavra de Deus, através de uma vida justa, sóbria e piedosa (Tito 2:12). Esse cristão não busca novidades, nem outras “revelações”, pois a novidade do cristão é antiga e completa, já revelada nas Escrituras e que não precisa ser reciclada nem recauchutada. O cristão não olha para outro lugar, a não ser na linha de chegada onde seu Senhor o espera com a coroa da vida (cf. Hebreus 12:1,2; Apocalipse 2:10). Ele corre a corrida proposta por seu Senhor, pois entende que o discipulado implica em seguir os mesmos passos do Mestre (cf. 1Pedro 2:21). A luz que esse cristão deseja ver não é outra senão a glória de seu Senhor, e não o brilho desse mundo. A música que deseja ouvir glorifica Aquele que morreu e ressuscitou e que vive à direita do Pai. Enfim, não há nada de novo na novidade cristã, pois Jesus Cristo é sempre o assunto predileto do cristão.
Sim, o cristão não está à busca de profecias inúteis, mas da palavra profética da Escritura, a Palavra que alimenta verdadeiramente (cf. João 6:27). O cristão tem Cristo e Ele já basta. Como disse Sérgio Pimenta (1983): “Cristo é tudo para todo tempo/ quem Nele se encontra não procura mais”. Como nos diz Paulo: “[...] a realidade é Cristo” (Colossenses 2:17). Portanto, amado cristão, não se iluda com os festivais evangélicos nem com as chamadas “novidades” do mundo gospel. Olhe para Cristo, viva para Ele e busque conhecê-lO mais através da Palavra, porque para quem a realidade é Cristo, nenhuma novidade humana serve mais.

Abraços fraternos, Pr. Gilson Jr.