A PÁSCOA DE VERDADE!
Essa semana muitos vão “comemorar” a páscoa comercial, adocicada com ovos de chocolate e com ideias que refletem o desconhecimento total dessa festa bela e profunda. Dizer que na páscoa comemoramos o “renascimento” não é apenas absurdo; é de um despropósito fenomenal. Achar que ovos de chocolate ou pintados traduzem o real significado dessa lembrança é de uma ignorância sem limites.
A Páscoa na Bíblia é chamada de Pesah, que significa “passar (por cima/ por alto)” (Êxodo 12:13,23,27; Isaías 31:5). De acordo com Êxodo 12, a páscoa deveria ser comemorada na lua cheia do primeiro mês do ano (abibe = março/abril). No dia dez do mês cada família escolhia um cordeiro de um ano de idade, sem defeito. Esse cordeiro era sacrificado no entardecer do dia 14 e seu sangue era aspergido sobre os batentes e a verga da porta da casa onde era comido o cordeiro. No dia seguinte começava a Festa dos Pães Asmos, que lembrava a humildade em comparação com o fermento que lembra o pecado. O pão sem fermento mostrava também que os hebreus partiram do Egito rapidamente, pois não havia dado tempo para levedar o pão (Êxodo 12:34). Para o judaísmo a páscoa é a celebração da libertação da opressão, simbolizada na última praga do Egito.
Jesus Cristo como um bom judeu celebrou diversas vezes a páscoa. E na noite da celebração da refeição pascal, Jesus Cristo mostrou-se pronto para o momento que Ele estava esperando que era ser entregue como o Cordeiro pascal. E para simbolizar este momento e sua importância, instituiu na refeição pascal a Ceia do Senhor (Mateus 26:17-30). A analogia era clara, pois da mesma forma que o sangue do cordeiro protegeu os hebreus do anjo da morte, provendo libertação da escravidão de Israel, assim o sangue de Cristo seria derramado “em favor de muitos para perdão dos pecados” (Mateus 26:18).
Deste modo, a páscoa ganhou outro significado para nós cristãos: Representa a entrega de Jesus Cristo como remissão de nossos pecados. Cristo agora é a nossa “páscoa” (1Coríntios 5:7; cf. João 1:29; 1Pedro 1:19). Por meio de Cristo Deus faz uma nova aliança baseada, não mais em sacrifícios de animais, mas no sangue de Seu próprio Filho derramado na cruz (Hebreus 8:7-13). Ele foi crucificado na sexta-feira e enterrado antes do início do sábado (Mateus 27:57-61). Mas no domingo Jesus Cristo ressuscitou!
Então o que comemoramos? A páscoa ou a ressurreição? Bem, é claro que como cristãos comemoramos a ressurreição de Jesus Cristo que se deu no período da páscoa judaica. Embora haja semelhanças entre os dois eventos, precisamos compreender cada um deles. A páscoa lembra a libertação espiritual e física que Deus deu para Seu povo Israel, libertando-os de 430 anos de escravidão. A ressurreição nos mostra que Jesus Cristo, “é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (João 1:29), que nos liberta da morte espiritual, pois fomos “resgatados pelo precioso sangue, como de um cordeiro sem defeito e sem mancha, o sangue de Cristo” (1Pedro 1:19).
Podemos concluir da seguinte maneira. A páscoa foi um evento profético, que apontava para o futuro, para a vinda do verdadeiro Cordeiro de Deus que nos libertaria de uma escravidão maior que os grilhões de ferro, de uma opressão maior que a de um ditador. A vinda de Jesus Cristo cumpria as antigas profecias; Ele veio nos libertar da escravidão do pecado, pois “todo aquele que comete pecado é escravo do pecado” (João 8:34). Ele disse que é conhecendo a verdade que somos libertos (João 8:32). Mas, o que é a verdade? Seria ela filosófica, ideológica, utópica? Nenhuma destas ideias. A verdade é uma pessoa: Jesus Cristo. Ele declarou: “Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres” (João 8:36). Ele afirmou de forma enfática: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém chega ao Pai, a não ser por mim” (João 14:6).
Que diferença é comemorar a páscoa bíblica daquela que a maioria comemora hoje em dia. O que temos hoje é um resquício de uma festividade pagã que foi absorvida pelo cristianismo quando chegou ao norte da Europa. A deusa Ostara, também conhecida como Eostre (deusa germânica, que significa Aurora), era a deusa da primavera, do renascimento e tinha como símbolo o coelho. A expressão inglesa Easter (Páscoa, em inglês), na verdade reflete essa influência pagã. Uma das principais tradições desse festival é a decoração de ovos, que representa a fertilidade da deusa.
O que nós cristãos comemoramos nesse período é a ressurreição de Jesus, Aquele que é o nosso Redentor, que nos amou até a morte e se deu para nos livrar de nossos pecados e nos levar para perto de Deus. Sem Ele tudo mais é barulho sem sentido, festa sem graça, consumismo sem plenitude, sorriso sem alegria, comida sem fome. Neste domingo lembre aos outros a mensagem mais maravilhosa que alguém poderia ouvir: Cristo ressuscitou! Sim, Ele verdadeiramente ressuscitou!
Gilson Souto Maior Junior, Pastor Sênior da Igreja Batista do Estoril.
E-mail: gilsonsmjr@hotmail.com
A páscoa e a tradição nômade no antigo Oriente
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O historiador, biblicista, arqueólogo e padre dominicano francês Roland de Vaux (1903-1971) afirmou que a páscoa era um sacrifício de nômades ou seminômades, em que não há intervenção de sacerdotes, mas tinha uma profunda relação com o rito de sangue. Era uma festa celebrada na primavera e o sacrifício do animal servia para obter a fecundidade e a prosperidade do rebanho, bem como proteção contra poderes maléficos, ou mashith, o exterminador. Se a páscoa era ou não uma festa já conhecida dos hebreus não sabemos. As evidências desta festa são anteriores a Moisés e ao Êxodo. Entretanto, foi objeto de uma radical reinterpretação a partir da libertação do Egito.
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