quinta-feira, 23 de abril de 2015

COMPROMISSO NUMA ERA DESCOMPROMISSADA

COMPROMISSO NUMA ERA DESCOMPROMISSADA

Vivemos uma era de profundo descompromisso, principalmente com as instituições e com as regras estabelecidas. Na Era Moderna, as instituições sociais tinham seus arcabouços de referência e pautavam claramente a sociedade e a vida humana. No entanto, na Era Pós-moderna acabou com aquela consistência da sociedade e nos lançou num emaranhado complexo, onde a diversidade das coisas tirou a segurança dos princípios e nos lançou ao vazio dos conceitos. A coletividade, tão importante e necessária à formação do indivíduo foi destruída em nome da individualidade hedonista e egocêntrica. Os laços humanos, antes uma segurança em que as pessoas investiam tempo e esforço, agora são cada vez mais frágeis como uma teia de aranha.
Essa visão trágica da sociedade está refletida hoje também na Igreja de Cristo. O que antes era visto como o espaço do Sagrado, em que palavras como respeito, reverência e compromisso, hoje são vista de outra forma. A Igreja pós-moderna está mais para um shopping Center, em que o Evangelho tornou-se a mercadoria, os pastores tornaram-se empresários da fé, guiados por estratégias de marketing, onde as palavras de ordem não são mais a sã doutrina ou a fidelidade às Escrituras, mas sucesso, bênção, vitória e felicidade pessoal, nem que para isso tenha-se que mudar repentinamente de tática e de estilo, abandonar compromissos e lealdades sem arrependimento para alcançar as próprias preferências.
Por isso, ser Igreja no sentido bíblico da palavra é um desafio ainda maior do que há cinquenta anos. No passado, todos sabiam que ao se comprometer com a Igreja implicava num ato de conversão não apenas espiritual, mas também intelectual. O crer estava ligado ao aspecto doutrinário e à razão da esperança era vista como uma forma concreta de dizer por que Jesus veio e morreu pelos pecados. Hoje em dia, a grande maioria dos chamados cristãos evangélicos estão nas igrejas muito mais motivados por questões puramente emocionais do que numa convicção doutrinária e bíblica.
Não estou falando que a fé cristã é puramente racionalista, mas que o cristianismo sabe muito bem colocar em equilíbrio sua fé, sua razão e sua emoção. O cristão maduro é capaz de desenvolver uma piedade sólida, firmada nas Escrituras e não puramente na manipulação dos sentimentos como em muitas igrejas hoje em dia. Aliás, a piedade é um aspecto do cristianismo que na atualidade está totalmente abandonada simplesmente por que os crentes atuais querem mais sentir-se bem do que crer com firmeza. Há um tsunami de heresias que comprometem a fé verdadeira em nome da felicidade pessoal.
O apóstolo Pedro, advertindo os crentes da Ásia disse: “Portanto, amados, sabendo disso de antemão, guardai-vos para que não sejais desencaminhados pelo engano de homens sem princípios, vindo a perder a vossa firmeza. Antes, crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo [...]” (2Pedro 3:17,18a). Esse é o clamor final do apóstolo que dedicou toda a sua segunda carta para advertir sobre os perigos que cercam os cristãos através de homens sem princípios, falsos profetas que aparentam compromisso, mas que na verdade são ímpios e enganam os incautos. Essa advertência continua viva, pois as heresias continuam exercendo grande atrativo em muitos corações.
O Senhor Jesus viu isso nos dias em que esteve na terra. O apóstolo João diz: “E encontrando-se em Jerusalém para a festa da Páscoa, muitos que viram os sinais que ele fazia creram no seu nome. Mas o próprio Jesus não se confiava a eles, porque conhecia todos, e não precisava que lhe dessem testemunho sobre o homem, pois ele bem sabia o que é o ser humano” (João 2:23-25). É exatamente assim hoje! Muitos querem fundamentar sua fé e seu compromisso em sinais, não no Senhor. Jesus não confiava neles, pois conhecia seus corações e sabia que eles estavam interessados na bênção e não no Doador da benção.
Portanto, se quisermos de fato desenvolver uma fé cristã madura e autêntica, necessitamos renovar nosso compromisso com o Senhor e com Sua Igreja. Sim, é imprescindível seguir a Cristo, tomando o caminho mais difícil, andando na contramão desse mundo, desfrutando da imensa graça, mas se submetendo ao senhorio de Cristo.
A Igreja não é um clube social que escolhemos frequentar quando queremos. Não! Ela é a Família de Deus, a Noiva de Cristo, o Exército de Deus, a Nação santa, Povo de propriedade escolhida por Deus! O Senhor Jesus tem um profundo compromisso com Sua Igreja e nós somos chamados a desenvolver o mesmo pacto com o Aquele que ama e morreu pelos santos. Enquanto não levarmos a sério o que Deus deseja fazer através da Igreja, vamos continuar a olhar essa instituição como algo sem muito valor.
Por isso lembro a Palavra do apóstolo Paulo: “E não vos amoldeis ao esquema deste mundo, mas sede transformados pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Romanos 12:2). Estar amoldado ao esquema do mundo é viver descompromissado com Cristo e a Igreja. Por isso muitos não sabem a vontade de Deus para suas vidas. Que Deus desperte Seu povo para um compromisso radical e pleno com Cristo e Seu Reino!

Fraternalmente em Cristo, Pr. Gilson Jr.

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